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A morte separou Maria Lucília Moita da pintura

Artista tinha 82 anos e em Fevereiro passado tinha sido distinguida por O MIRANTE com o Prémio Personalidade do Ano na área da Cultura

Natural de Alcanena, Maria Lucília Moita residia em Abrantes desde 1954. Aos 82 anos continuava a achar que ainda não tinha alcançado a plenitude criativa e não abdicava de ver o pôr-do-sol todos os dias da sua sala de leitura.

A pintora Maria Lucília Moita, distinguida em Fevereiro com o Prémio Personalidade do Ano na área da Cultura, atribuído por O MIRANTE, faleceu esta segunda-feira, 22 de Agosto. O corpo esteve em câmara ardente na Capela de Santana, em Abrantes, cidade onde residia. O funeral realizou-se esta terça-feira, com missa de corpo presente, na Igreja de S. Vicente, perto do castelo abrantino. Maria Lucília Moita é uma das pintoras mais conhecidas e premiadas da região. A sua arte está representada em colecções particulares nacionais e estrangeiras e ainda em museus como o do Chiado, Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian e Museu José Malhoa. É considerada uma das últimas herdeiras dos grandes pintores naturalistas portugueses como Silva Porto e Henrique Pousão. Nasceu em Alcanena em 1928 mas vivia em Abrantes desde 1954.Em comunicado, o município de Abrantes “lamenta com pesar o desaparecimento de uma figura impar da cultura local e nacional, recordando a vasta obra artística e o seu carácter humanista”. Recorde-se que Maria Lucília Moita cedeu uma grande parte do espólio ao município de Abrantes - do qual fazem parte quadros a óleo, um vasto conjunto de desenhos e diversa documentação que enquadra a vida e a obra -, que integrarão o núcleo de pintura com o seu nome, a instalar no futuro Museu Ibérico de Arqueologia e Arte.Maria Lucília Moita começou cedo a mostrar os seus dotes para a pintura, logo na terceira classe fez um “retrato” que encantou uma professora. Através de amigos comuns conheceu o pintor João Reis, que aceitou dar-lhe lições de pintura entre 1944 e 1946. Começou com gessos e rapidamente avançou para o carvão. Em 1948, por sugestão do mestre enviou um quadro (“Casas Brancas”) para o Salão de Primavera da Sociedade Nacional de Belas Artes (SNBA). O crítico João Portela escrevia então no Diário de Lisboa que a pintura de Maria Lucília Moita era um misto de “sensibilidade de cor, finura poética e romantismo estático de beleza que cativa a imaginação”. Em 1989 foi-lhe atribuída a medalha de ouro de mérito municipal da Câmara Municipal de Alcanena. Mais tarde, em 1996, recebeu a medalha de mérito cultural da Câmara Municipal de Abrantes, terra onde foi directora do museu municipal. Casou em 1954 com Fernando Simão.Aos 82 anos continuava a achar que ainda não tinha alcançado a plenitude criativa. Não abdicava de ver o pôr-do-sol todos os dias da sua sala de leitura. Numa entrevista a O MIRANTE, no início deste ano, confessava ser uma pessoa exigente consigo e por isso não esperava menos de quem a rodeava. Tinha a paixão da verdade e detestava a mentira. Costumava abrir as portas do seu atelier, em Abrantes, para mostrar aos mais novos as suas pinturas.

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