uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
Autarcas da região querem medidas que ajudem a travar o despovoamento e envelhecimento do território

Autarcas da região querem medidas que ajudem a travar o despovoamento e envelhecimento do território

Distrito de Santarém foi dos que assistiu ao encerramento de mais serviços públicos nos últimos anos
Vasco Estrela, presidente da Câmara Municipal de Mação e primeiro subscritor de uma moção apresentada no último Congresso do PSD contendo 14 propostas para travar os problemas estruturais do interior do país, pede “bom senso” aos governantes para, se não inverter, pelo menos suster um cenário de abandono e degradação utilizando os instrumentos do próximo quadro comunitário “para humanizar e gerar riqueza”.“Como é que podemos captar empresas quando é o próprio Governo a desistir do território?”, questionou ,quando confrontado com o resultado do levantamento dos serviços públicos encerrados nos últimos anos feito pela agência Lusa e que teve por base informações de organismos oficiais.De acordo com esses dados, no distrito de Santarém foram fechados mais de 540 serviços públicos (o segundo com mais encerramentos logo a seguir a Viseu), na sua maioria escolas mas também extensões de saúde, postos de correios, freguesias ou outros, como delegações da Segurança Social ou da Agricultura.Francisco Oliveira, presidente da Câmara Municipal de Coruche (PS), considerou “gravoso” para o território e gerador de “grandes transtornos” para as populações o encerramento de serviços, sobretudo num concelho rural e vasto como o seu (1.114 quilómetros quadrados), em que a dispersão dos aglomerados dificulta as deslocações, agravadas pela escassez de transportes públicos.Como exemplo apontou a agregação de duas freguesias à freguesia sede, o que originou uma “mega freguesia” com 400 quilómetros quadrados e mais de metade da população do concelho (11 mil dos 19 mil habitantes), gerando, não poupança, mas sim mais encargos. “A poupança é ilusória, fictícia, sem nenhum ganho”, frisou, sublinhando que a Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo tem vindo a analisar estratégias que ajudem a atrair massa crítica para a região.Para Jacinto Lopes, presidente da Câmara Municipal de Ferreira do Zêzere (PSD), estamos perante um dilema como o “do quem vem primeiro, o ovo ou a galinha”, já que se encerram serviços porque não há pessoas e as pessoas vão embora porque não há serviços. E se, no seu entender, o encerramento de escolas até permitiu dar outras condições aos alunos (que a autarquia transporta desde o local onde vivem até aos modernos centros escolares), o fecho de serviços de saúde e de outros como os tribunais não ajuda nada no esforço de fixação da população. “As empresas que nos procuram para investir questionam tudo, querem saber que equipamentos temos, de saúde, de educação e, sobretudo as multinacionais, tribunal. São factores que contam muito. Já não é só o preço dos terrenos mais baratos”, frisou.Para Jacinto Lopes, é preciso ir mais longe nas políticas para travar o despovoamento do território, tendo já feito sentir junto do Governo que tem que ser o próprio Estado Central a levar os investimentos para o interior do país. “É preciso olhar o país e distribuir valências que atraem pessoas”, disse, frisando que para investimentos grandes é quase igual estar numa grande cidade ou no interior, dada a excelente rede de acessibilidades, e essa seria uma forma de atrair e fixar populações, numa lógica regional, através da criação de emprego, o mesmo acontecendo com as instituições do ensino superior situadas no interior. “Se começarmos já, pode ser que daqui a 20 anos possamos ter um país diferente”, afirmou.Perante um cenário de esvaziamento das aldeias, como já acontece no seu concelho, Vasco Estrela pede que a questão seja encarada “como um desígnio nacional” e apela a que as políticas de racionalização de serviços não sejam feitas apenas à luz da economia mas respeitando as pessoas e feitas em diálogo com os eleitos locais, percebendo as especificidades e as dinâmicas existentes. “Sensibilidade não custa dinheiro”, declarou.
Autarcas da região querem medidas que ajudem a travar o despovoamento e envelhecimento do território

Mais Notícias

    A carregar...