uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

Indubitável Manuel Serra d’Aire

Já sou há algum tempo um praticante assíduo, embora involuntário, da moda das noites brancas de que tu falas no teu último escrito. Mas, ao contrário de muitos entusiastas da tortura do sono, não acho piada nenhuma a essa coisa de passar noites sem dormir. As noites brancas começaram para mim quando uma trupe de estudantes do ensino superior se instalou no apartamento ao lado do meu. A rapaziada deve estudar noite dentro e, pelos vistos, só se consegue concentrar com a música em altos berros e a arrastar cadeiras. Além disso as discussões, que presumo de grande valor científico, são intensas e fazem-se em altos decibéis, num esgrimir de argumentação a fazer lembrar uma manifestação da Intersindical ou o mercado do Bolhão. A minha patroa bem me diz para eu lá ir bater à porta e acabar com a pouca vergonha. Mas quem sou eu para interromper uma noitada de estudo e prejudicar a vida destes lídimos representantes da geração mais bem preparada de sempre? Estão ali os futuros decisores do nosso país e eu não quero complicações com quem vai dizer se tenho direito à reforma ou não.Voltando ao teu último escrito: confesso que sou um dos muitos que caiu na esparrela de participar numa dessas famosas colour run para tentar perceber qual era o gozo que aquilo proporcionava. Confesso também que não vim de lá esclarecido. Para ficar exausto e todo esborratado prefiro pintar os tectos de casa, pois sempre faço qualquer coisa de útil e ainda poupo umas massas. Mas também tenho de reconhecer que nessas corridas agora tão na moda, tal como nas famigeradas aulas de zumba, não é preciso doping para dar à sola pois com tanta mulher torneada envolvida por aquelas calças que se agarram à pele, não há bofes que se vão abaixo. É sempre a bombar! As aulas de zumba, então, são autênticos espectáculos lúbricos, ao nível da dança do ventre e do varão. Assistir a dezenas de bundas a abanar ao mesmo tempo entusiasma-me tanto como a outros fascinam as grandes paradas militares ou as marchas do orgulho gay. Mas, fardas por fardas, prefiro as da zumba no feminino.Segui o conselho dos nossos ingénuos e voluntariosos autarcas e no dia sem carros fui de bicicleta para o trabalho. Depois de vencidas duas metas volantes e uma contagem de montanha de terceira categoria lá encostei o veículo a pedais junto à porta do serviço, a suar mais do que um arguido do juiz maçanense Carlos Alexandre após três horas de interrogatório. Moral da história: estava na hora de regressar a casa e tomar outro duche ou cair em desgraça perante os colegas devido ao odor libertado pelos meus sovacos. Optei pela primeira alternativa e mandei a bicicleta para sucata. Para suar já me bastam as aulas de zumba.O partido Cidadania e Democracia Cristã (PPV/CDC) realizou no domingo uma acção de campanha eleitoral no centro histórico de Santarém e, obviamente, o candidato e os dois militantes que o acompanhavam viram-se à rasca para encontrar gente. Conclusão: não andaram a pregar aos peixes, porque o Tejo fica lá mais em baixo e um bocado fora de mão, mas só devem ter encontrado pombos para ouvir as suas propostas em defesa da natalidade e anti-aborto. E os pombos são dos que menos precisavam de ouvir esse tipo de mensagem, pois no que toca à reprodução não há militante do Pró-Vida que lhes ensine alguma coisa. Saudações cristãs do Serafim das Neves

Mais Notícias

    A carregar...