uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

O “pássaro possível” de Ruy Belo

Teresa Belo, mulher do poeta Ruy Belo, encontrou na Cinemateca um filme do seu casamento. Contou aos amigos e daí até à organização de uma sessão de homenagem e recordação do “Homem de Palavras” foi um passo. Na noite de segunda-feira,dia 28, no cinema Monumental, a sala quase encheu para vermos um filme de cinco minutos da autoria de Luís Filipe Lindley Cintra que foi professor de Teresa Belo e mais tarde padrinho do seu casamento.O pretexto para a homenagem ao poeta foram os poemas influenciados pelo cinema. Depois de uma sessão de poesia e da projecção do filme do casamento de Ruy e Teresa assistiu-se à exibição de Esplendor na Relva, um filme de Elie Kazan, estreado em 1961, tendo como actriz principal Natalie Wood, que Ruy Belo recorda num dos seus poemas.Revi o filme com alguns jovens à minha frente a rirem-se em várias cenas, certamente com o espírito diferente daqueles que no início dos anos sessenta acharam o filme “piegas e cabotino” e depois tiveram que se render uma vez que o filme tornou-se verdadeiramente mítico. À saída vi gente mais velha com lágrimas nos olhos certamente identificados com o drama dos adolescentes Deannie Loomis e Bud Stamper que protagonizaram uma verdadeira tragédia americana que não acaba em mortes violentas mas na morte que cada um transporta no seu íntimo.O poeta de São João da Ribeira é recordado todos os anos com a realização de um prémio literário e muitas promessas para a casa onde viveu que já foi museu e agora prometem transformar em casa de residência para escritores.Ruy Belo é um grande poeta e uma figura maior da cultura portuguesa. A sua vida é um exemplo para muitos que não conheceram as dificuldades da luta contra o antigo regime. Ruy Belo pagou caro essa luta e viu-se sem emprego e sem condições para continuar a sua vida de escritor e tradutor. Domingo vota-se para um novo Governo. Por mim votava para viver num novo país ou num país novo. Não gosto e desespero com o Estado a que chegamos. Bem sei que vivemos tempos revolucionários com a queda dos banqueiros que mandavam nisto tudo com a complacência, e a ajuda, de alguns políticos. Mesmo assim receio que o pior ainda esteja para vir. Por isso gostava de votar num país e não num partido. Votarei, no entanto, com o espírito em dois versos de um poema de Ruy Belo: “O Portugal futuro é um país/aonde o puro pássaro é possível”. JAE

Mais Notícias

    A carregar...