Os pais dos alunos da escola primária de Casal da Charneca manifestaram-se ruidosamente, na tarde de terça-feira, 29 de Setembro, à porta da Escola Básica 2,3 Alexandre Herculano (sede do agrupamento de escolas com o mesmo nome), por não concordarem que os filhos passem a ter aulas, uma tarde por semana, no salão de festas da Associação Recreativa e Cultural da Freguesia de Almoster (ARCFA) e na própria Junta de Freguesia de Almoster, a três quilómetros de distância. Os pais alegam que os espaços não têm condições para receber as crianças, nomeadamente ao nível de sanitários. Na junta de freguesia, por exemplo, a única casa de banho, sem contar com a dos funcionários, é a da casa mortuária.O Agrupamento de Escolas Alexandre Herculano, em Santarém, decidiu que as crianças das escolas de Casal da Charneca e de Vila Nova do Coito vão passar a deslocar-se todas as terças-feiras à tarde para Almoster, sede de freguesia. Aí, serão divididas por ano de escolaridade. Os alunos do 3º ano terão o inglês obrigatório por lei na sala da escola de Almoster, enquanto que na sala da junta de freguesia irão funcionar dois tempos lectivos de oferta complementar: inglês para o 4º ano e leituras inter-disciplinares para o 2º ano. Os alunos do 1º ano ficarão na ARCFA a ter aula de expressões, que, segundo a directora do Agrupamento, pode ser expressão físico-motora ou até teatro.“Juntando numa tarde as crianças todas no mesmo local conseguimos dividi-las por grupos e assegurar todas estas actividades com qualidade”, frisa a directora do Agrupamento de Escolas Alexandre Herculano, Margarida da Franca, garantindo que a ARCFA tem condições para receber as crianças: “Obviamente não vamos ensinar nem matemática, nem inglês no salão. Para as aulas de expressões tem condições. As casas de banho são acessíveis. O ano passado houve problemas nesse sentido mas tratámos deles e penso que estão resolvidos. Não temos a situação ideal mas temos uma situação que é bastante aceitável”.Os pais da escola de Casal da Charneca não aceitam as explicações da directora e acusam-na de ter uma atitude de quero, posso e mando. Continuam a afirmar que os espaços não têm condições e que, quando matricularam os filhos, matricularam-nos na escola e não na ARCFA ou na Junta de Freguesia de Almoster.Na terça-feira, 29 de Setembro, uma carrinha de transporte de crianças estacionou à porta da escola de Casal da Charneca, para levar os alunos para Almoster, mas os pais não permitiram que as crianças fossem e seguiram até à sede de Agrupamento, onde dois pais foram recebidos pela directora. Cá fora, enquanto esperavam, os restantes encarregados de educação gritavam insistentemente “aulas na escola”, ao mesmo tempo que empunhavam cartazes nos quais se podia ler “Dizemos não às aulas na junta de freguesia e no salão de festas” ou “Em horário escolar o lugar dos alunos é na escola”. Na reunião, a directora voltou a dizer que não há outra solução. Perante a intransigência de Margarida da Franca, pais e encarregados de educação estudam agora que medidas tomar, visto que se as crianças não forem chumbam por faltas. Como a directora fez questão de frisar, tratam-se de tempos lectivos e não de actividades extra-curriculares. Uma coisa parece certa: até darem o número máximo de faltas injustificadas possível, o que acontecerá daqui a 8 semanas, as crianças não vão às aulas no salão de festas e na junta de freguesia.