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Sopa de abóbora gigante com cabecinhas de alho chocho

Desbragado Serafim das Neves

No Entroncamento, depois da Festa da Flor, que, por se realizar numa cidade que durante anos foi conhecida pelos seus frondosos jardins de cimento, fez justiça ao título de “Terra dos Fenómenos”, a câmara municipal decidiu este ano voltar a inovar e organizou em conjunto com a Festa da Flor, uma Semana Gastronómica, uma vez que, como é sabido, a gastronomia floresce por ali de tal maneira que é preciso abrir terreno à catanada para chegar à sobremesa.
Eu saúdo a capacidade pensadora municipal e a sua vertigem criativa mas antes que a rapaziada avance para uma Feira da Agricultura; para uma Expo Lacticínios; para um Encontro Nacional de Degustadores Pêra Rocha de/ou para uma Chega Anual de Bois de Raça Mirandesa, gostava de, humildemente, sugerir que o factor Fenómeno fosse utilizado para temperar tão excelsas iniciativas. Por exemplo, obrigar os restaurantes da Semana da Gastronomia a usarem ingredientes gigantes, fenomenais, digamos assim.
Um festival da flor com espécimes de cinco metros e meio, caldeiradas feitas com chocos de três quilos. Já agora, ainda a propósito da gastronomia, porque não incentivar a criação de novos pratos que enaltecessem as qualidades dos mentores da ideia, por exemplo. O que achas de uma sopa de abóbora gigante com cabecinhas de alho chocho?
O nosso amor pelo ar livre fascina-me. Acho que se trata de uma questão de ficarmos com as ideias mais arejadas. E não me refiro às esplanadas junto à estrada com o pessoal a comer mini pratos de peito de peru com puré a respirar o fumo dos tubos de escape para abrir o apetite.
Dá uma vista de olhos à programação das chamadas festas populares, por exemplo, e diz lá se não tenho razão. Vê o caso da Chamusca que é o mais actual. Têm lá uma sala de espectáculos onde entram menos espectáculos do que ursos polares ou pinguins mas chega a semana da Ascensão, montam um palco na rua e de uma assentada apresentam seis ou sete daqueles artistas intelectualmente caros. E porquê? Lá está! Por causa do ar livre, claro!!
Está bem que este ano taparam o palco e o largo com um preservativo gigante porque é sempre melhor prevenir mas mesmo assim foi ao ar livre porque o vento entrava por todo o lado e não há nada melhor para um naturista do que sentir o vento a assobiar-lhe por entre os cabelinhos do peito. Do peito ou de outro lado qualquer.
Tomar quer acabar com geminações pindéricas com terras e terrinhas meio atrasadas de Cabo Verde ou da Roménia e lançou-se em grande para a Europa. Para Vincennes (Paris). Eu quero aplaudir esta opção municipal porque de pindériquice está o mundo cheio. Também quero salientar que a moda dos presidentes de câmara andarem sempre com os vice-presidentes atrelados, está a alastrar. Primeiro foi a Chamusca com Paulo Queimado a não prescindir da companhia da vice Cláudia Moreira. Agora é Anabela Freitas que leva o seu vice Hugo Cristóvão a Paris. Depois destes casalinhos, homem e mulher, aguardo com ansiedade o surgimento de um casalinho autárquico homem/homem. Aguardo eu e aguarda o cantor Pedro Barroso, para fazer mais um poema satírico como aquele que sai esta semana em O MIRANTE. O tal que diz: “Sei que pertence ser gay / toda a gente deve ser / Mas eu, lamentavelmente / não sou como toda a gente / Como aconteceu... não sei / peço desculpa por isso / mas confesso: sou… diferente.”.
Nem ele é como toda a gente nem nós. E só não acrescento felizmente para não ser vítima de maldições e maus olhados nas redes sociais onde o politicamente correcto corre e escorre inclemente.
Sei que tens saudades de dar um pontapé no cão vadio que acabou de te ferrar os dentes numa perna e não larga; ou de esmagares com uma palmada a abelha que te confundiu com uma flor e te deu uma ferroada. Sei que te mordes todo para não dizeres àquela mulher linda com que te cruzas diariamente que ela é ainda mais linda do que é, porque não queres ser acusado de assédio. Sei que já não fazer festinhas em bebés para não seres acusado de pedofilia galopante, mas não desanimes, porque é para teu bem. Assim não vais preso nem és capa do Correio da Manhã e continuas a fazer das tuas... na clandestinidade, que é onde dá mais gozo fazê-las.

Saudações libertinas
Manuel Serra d’Aire

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