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Garantidas obras no bloco operatório do Hospital de Santarém num processo pouco claro

Garantidas obras no bloco operatório do Hospital de Santarém num processo pouco claro

Num dia cria-se alarido e no dia seguinte aparece o secretário de Estado a garantir verbas

O secretário de Estado da Saúde anunciou na segunda-feira que estão desbloqueadas as verbas para as obras no bloco operatório no Hospital Distrital de Santarém (HDS) mas o processo que antecedeu o anúncio por parte do governante é no mínimo estranho. O governante deu a novidade poucas horas após uma notícia nos órgãos de comunicação social do Estado, RTP e Antena 1, no fim-de-semana, a dar conta que por causa da falta de obras se tinham demitido 15 directores do hospital, o que não se confirmou. Uma notícia que fazia alusão a um comunicado dos médicos que não chegou à nossa redacção. Depois, o administrador do hospital, José Josué, esteve indisponível na segunda-feira para prestar esclarecimentos e limitou-se a enviar um comunicado ao início da noite.
Em causa pode estar o facto de as verbas do novo quadro comunitário de apoio só recentemente terem começado a ser libertadas. Recorde-se, como chegou a explicar José Josué, que as obras num valor de cerca de 5,5 milhões de euros foram candidatadas a fundos europeus em 2015, na altura do Governo social-democrata de Passos Coelho.
A recente situação originou uma série de críticas de antigos administradores do HDS e de deputados do PSD. Nuno Serra, deputado e presidente distrital do PSD, lembra que na campanha eleitoral o administrador do hospital tinha dito que não havia motivos para preocupação porque o processo para as obras estava a andar. “O que se passou nos últimos seis meses para que tivesse havido alterações no processo?”, questiona Serra.
O antigo presidente do conselho de administração do HDS, Edgar Gouveia, num comentário no Facebook, refere: “Não me admirará nada, se esta for uma estratégia combinada nos bastidores, afim de provocar transferência de actividade cirúrgica para estruturas e capacidade disponível na região fora da capital do distrito”. Ramiro Matos, que pertenceu ao conselho de administração, também disse na rede social na Internet que “os problemas do bloco operatório do hospital não são de há três anos”. “O bloco tem metade da operacionalidade por falta de condições físicas e não por falta de pessoal. Que não se baralhe mais um problema que nos deve ocupar”.
José Josué disse à Lusa que, numa reunião realizada com o secretário de Estado da Saúde, ficou o compromisso de avançar, “dentro de uma a duas semanas”, com um processo que deu entrada na Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) em 28 de Janeiro de 2015 para tentar resolver uma situação que se arrasta há praticamente três anos. “As dificuldades na actividade cirúrgica prendem-se fundamentalmente com a falta de anestesistas. É o que mais desconforto tem provocado. Podemos ter muitas salas, mas, se não tivermos anestesistas, as cirurgias não se fazem”, adiantou. O certo é que o bloco é antigo e não tem as mínimas condições de funcionamento. Tem sido frequente o encerramento do bloco quando os níveis de humidade são mais elevados. Até agora o administrador do hospital falou sempre em problemas de funcionamento do bloco por causa do deficiente funcionamento do sistema de renovação do ar. O capital estatutário do Hospital de Santarém foi reforçado em Setembro de 2015 em 1,8 milhões de euros exclusivamente para investimentos, “permitindo alavancar a totalidade do orçamento previsto para as obras dos blocos operatórios”.

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