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Demissão de bombeiros coloca em causa socorro à população de Alcanede

Situação motivada pelo litígio que envolve as duas listas que concorreram às eleições para os órgãos sociais

A demissão de 80 por cento dos operacionais voluntários dos Bombeiros de Alcanede, concelho de Santarém, está a colocar em causa o socorro à população e pode vir a deixar a corporação fora do combate a incêndios. A situação é confirmada a O MIRANTE pelo comandante, Filipe Regueira, e tem a ver com um litígio por causa das eleições para a direcção. Segundo o comandante, sem os 23 bombeiros que apresentaram o pedido conjunto de demissão a situação operacional torna-se “muito preocupante”.
Os bombeiros dizem que estão dispostos a voltar ao quadro activo quando o actual impasse directivo, que já motivou um processo em tribunal, estiver resolvido. Para já a corporação só tem condições para manter uma ambulância de socorro durante o dia e apenas nos dias úteis. A central de comunicações vai continuar a funcionar 24 horas por dia mas no caso de haver um incêndio a corporação não tem meios.
A situação complica-se ainda mais porque estando a decorrer o diferendo eleitoral, a associação humanitária não pode recorrer aos fundos comunitários para aquisição de viaturas. Filipe Regueira refere que os Bombeiros de Alcanede têm três viaturas de combate a incêndios florestais mas uma tem 30 anos de serviço e outra já leva 20 anos. A expectativa era que a corporação concorresse a apoios para comprar uma viatura. Com o arrastar do caso, alerta o comandante, o corpo de bombeiros não vai poder fazer parte do dispositivo distrital de combate a incêndios. Os fogos que ocorram na área da freguesia terão de ser combatidos por outras corporações.
Filipe Regueira refere que a questão das eleições está a provocar um grande descontentamento nos operacionais e faz votos para que a questão se resolva até ao início de Junho, quando se inicia a época crítica de incêndios. O presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves, também se mostra preocupado e diz que os envolvidos ainda têm uma semana para chegarem a um entendimento. O autarca diz que lamenta a situação a que se chegou e refere que nestas circunstâncias a autarquia não pode transferir as verbas de apoio à corporação se as condições operacionais não estiverem garantidas.
O comandante distrital de operações de socorro, Mário Silvestre, diz a O MIRANTE
que está a acompanhar a situação com muita preocupação e que já foi dado conhecimento ao comandante nacional. O operacional avisa que não havendo um desenvolvimento na situação vão ser tomadas medidas pela Autoridade Nacional de Protecção Civil, que deverá mandar uma inspecção ao local para avaliar as condições e decidir o que fazer com o funcionamento do corpo de bombeiros.
Recorde-se que a confusão instalou-se após a assembleia eleitoral de 13 de Março, que deu a vitória, por três votos, à lista liderada pelo empresário Nelson Durão. Das tentativas anteriores para escolha de uma nova direcção não apareceram listas. Mas nessa assembleia e com a apresentação da lista de Nelson Durão, apareceu uma segunda lista, liderada pela tesoureira da direcção anterior, Ana Ferreira, que contesta o processo eleitoral dizendo que houve irregularidades. Ana Ferreira avançou com uma providência cautelar para anulação das eleições mas o Tribunal de Santarém não decidiu a seu favor, tendo esta recorrido para o Tribunal da Relação. Estas eleições ocorreram cerca de um ano após a anterior direcção se ter demitido. Enquanto decorre a batalha judicial não é dada posse à lista vencedora.

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