Um tributo ao antigo toureiro que deseja o silêncio e a solidão
Exposição dedicada a José Júlio foi inaugurada no sábado em Vila Franca de Xira. Homenageado tinha saído do hospital no dia anterior.
O antigo matador de toiros José Júlio tinha saído do hospital no dia anterior, mas apresentou-se firme e hirto no sábado, 25 de Junho, na inauguração da exposição “É de Vila Franca e Chama-se José Júlio” que a câmara municipal lhe dedicou e que pode ser vista no Celeiro da Patriarcal, em Vila Franca de Xira, até 9 de Outubro.
Aos 81 anos, José Júlio já não foi levado em ombros como nos tempos de toureiro, mas foi com um sorriso que cumprimentou todos os populares que se abeiraram dele, apesar de ter passado uma semana no hospital internado devido a problemas renais.
Depois do discurso do presidente do município, Alberto Mesquita, José Júlio recebeu algumas recordações e agradeceu ao muito público presente da mesma forma como agradecia ao público na arena. “Nesta altura da minha vida já não é altura de homenagens, com 81 anos o que desejo é silêncio, a minha solidão, falar com ela, estar com ela todos os dias. Estes são os dias que me esperam, pois são muitos anos de batalhas, de contratempos e de muitas alegrias e glórias”, disse José Júlio, dirigindo depois uma saudação à Semana da Cultura Tauromáquica de VFX e à anunciada intenção de criar um Museu da Tauromaquia na cidade.
Já fora do Celeiro da Patriarcal, Carlos Silva, 68 anos, voltava a encontrar José Júlio depois de durante a semana se ter cruzado com ele no hospital. “Desejei-lhe as melhoras na altura, ele agradeceu. Sei que está doente, provavelmente deve estar a fazer um grande esforço para estar aqui, lá dentro está muito calor, mas é algo que vale a pena”, diz.
Paulo Brás também voltou a encontrar José Júlio. A O MIRANTE mostra um catálogo da exposição assinado pelo toureiro. “Ele reconheceu-me. Ele vestiu-se na minha própria casa e lembrou o nome do meu pai, Manuel Brás”, confessa. Um episódio que traz lágrimas aos olhos de Paulo.
José Júlio nunca se apegou muito a bens materiais, daí que esta exposição se baseie mais em fotografias e menos em capotes, traje de luzes ou cabeças de toiros. No entanto não falta a pata de um touro que José Júlio cortou. O único toureiro português a receber tal honra.