O primeiro combate tem que ser o combate ao desperdício em geral. Enquanto não formos capazes de evitar o desperdício em geral não conseguimos combater o desperdício alimentar. Vejamos, o desperdício faz parte da cultura das sociedades de abundância como a nossa. Temos um telemóvel que funciona bem e vamos comprar um novo só porque é um modelo mais actual e tem mais qualquer coisa de que, na maior parte das vezes, nem sequer vamos utilizar ou vamos utilizar muito raramente.
Com a roupa e com os sapatos acontece a mesma coisa, principalmente ao nível feminino. Tantas e tantas mulheres que compram roupa ou sapatos que usam uma única vez. Malas de senhora e outros adereços é igual. Sou mulher, sei do que falo.
Terá havido uma altura em que se comprava por se necessitar. Agora compra-se para renovar, estar na moda ou porque nos cansamos do que temos. Há quarenta anos já eu ouvia dizer que se destruíam alimentos para não diminuir preços. Calculo que agora ainda será pior.
Podem fazer campanhas de sensibilização, workshops ou o que quiserem mas a raiz do mal está na educação e na pressão social ou económica. Para a economia funcionar tem que haver consumo. É a essência da economia que o diz. Sem consumo não se gera riqueza. Com consumo gera-se desperdício.
Joana Tomás