Jovens contam como foram vítimas de sequestro e agressões à paulada em Santarém
Rapazes com 16, 17 e 22 anos desconfiam que tenham sido confundidos com assaltantes
Os jovens agredidos à paulada em Santarém, na sequência do sequestro de um dos amigos, estão incrédulos com o que lhes aconteceu porque, relatam a O MIRANTE, nunca se meteram em confusões nem nunca tiveram problemas com a polícia. Os jovens, com idades entre os 16 e os 22 anos, reconhecem que podem ter um aspecto e uma maneira de vestir diferente mas que isso não quer dizer que sejam más pessoas. Os jovens querem agora que se faça justiça e acusam o dono de um restaurante na cidade de ser o responsável pelas agressões, juntamente com funcionários.
O MIRANTE esteve no estabelecimento do acusado mas este não quis falar sobre o assunto.
A história começa às 19h00 de segunda-feira, 20 de Junho, e acaba já na madrugada de terça-feira com um dos jovens no hospital. Ruben Araújo, de Santarém, seguia numa das ruas do centro histórico quando foi abordado por dois homens munidos de um pau. Foi obrigado a ir com eles e metido na caixa de uma carrinha de mercadorias, onde lhe amarraram os pés e as mãos. Ruben suspeita que tenha sido confundido com alguém que tenha assaltado o restaurante. Estes andaram com a vítima na carrinha durante algum tempo, levaram-no para o Tejo e deixaram-no amarrado dentro da carrinha pelo menos umas três horas, segundo conta.
O jovem descreve que a determinada altura conseguiu aliviar a abraçadeira à volta dos tornozelos e conseguiu fugir. Na rua pediu ajuda e uma pessoa ajudou a desamarrá-lo. Foi refugiar-se em casa de uma amiga e telefonou aos outros dois amigos (que depois foram alvo das agressões), com quem tinha combinado encontrar-se para irem todos “beber um copo a Alpiarça”. Os amigos foram com ele apresentar queixa por sequestro na PSP de Santarém, que entretanto passou a investigação para a Polícia Judiciária.
Os três amigos quando saíram da esquadra, já depois da meia-noite, meteram-se no carro para irem a Alpiarça e repararam que um veículo “cheio de gente” os seguia. Atrapalhados, na rotunda de Vale de Estacas, em vez de virarem para a estrada da estação de comboios seguiram em frente em direcção ao complexo aquático e viraram logo numa das primeiras ruas à direita, para a Rua de Cima, que não tem saída. Foi quando foram bloqueados pelos perseguidores.
“Eles foram logo direitos a nós, eram cinco homens. Partiram logo os vidros do carro. Saímos para tentar fugir e eu levei logo com um pau na cabeça”, conta Ruben Borrego, 22 anos, de Paço dos Negros, Almeirim. Ruben conseguiu depois escapar na direcção do hipermercado E.Leclerc, onde pediu ajuda. William Coimbra, 16 anos, de Lisboa mas a viver em Santarém, foi o que teve menos sorte, tendo sido violentamente agredido quando fugiu para uma zona de mato. Descreve a O MIRANTE que levou com um pau nas pernas e depois foi agredido em várias zonas do corpo, como a cabeça.
William esteve dois dias internado no Hospital de Santarém e depois foi enviado para o Hospital Dona Estefânia, em Lisboa, para fazer exames ao joelho. Está a recuperar com vários hematomas e escoriações e anda de muletas. “Tive bastante medo”, desabafa William, acrescentando que o que aconteceu “não parece coisa de pessoas normais”. Os jovens dizem que estão amedrontados e que agora têm medo de andar sozinhos na rua, esperando que se faça justiça.