Jovens estrangeiros dão um ar cosmopolita à aldeia de Arroquelas
Projecto da associação H2O e Erasmus+ traz jovens de 14 nacionalidades europeias à localidade do concelho de Rio Maior
Trinta jovens de 14 países europeus participaram na passada semana numa formação, na aldeia de Arrouquelas, no concelho de Rio Maior (Santarém), para aprenderem a lidar com as diferenças culturais e religiosas.
Promovida pela “H2O” -- Associação de Jovens de Arrouquelas, que este ano assinala os 20 anos de existência, a formação, assente na educação não formal, convida os jovens participantes a desenvolverem campanhas contra a xenofobia e o racismo (‘online’ e no terreno), sensibilizando-os para as questões dos refugiados no espaço europeu.
Alexandre Jacinto, dirigente da “H2O”, diz que a dinâmica gerada pela associação transforma a pequena aldeia de Arrouquelas, sede de uma freguesia com 800 habitantes, na povoação que provavelmente mais europeus concentra neste contexto em Portugal, referindo que só os quatro projectos que se vão realizar este Verão vão envolver 160 jovens provenientes de vários países.
Na aldeia encontram-se, desde Março, 10 jovens de sete países ao abrigo do programa “Serviço Voluntário Europeu”, que completa igualmente 20 anos, envolvidos em actividades de instituições locais, realçou.
A maioria dos jovens estrangeiros que se encontram alojados na aldeia diz que não se importaria de ali residir durante algum tempo. Armin Frank, da Áustria, Daniele Civello, da Itália, Martha Skorczynska, da Polónia, e Kaidi Kori, da Estónia, estão actualmente em Arrouquelas e participam no projecto Youth For…All…For Humanity, criado pela associação H2O em cooperação com a Eramus+.
Às 15h30 de 24 de Junho, a sala polivalente da Biblioteca Municipal de Rio Maior encheu-se com os jovens, a fim de receberem instruções sobre as actividades que iriam realizar de seguida. Os locais escolhidos foram o Parque 25 de Abril, os Paços do Concelho e a Avenida Paulo IV, todos em Rio Maior. As actividades visavam sensibilizar os cidadãos para a problemática dos refugiados.
Armin, Daniel e Kaidi têm uma visão positiva da pequena aldeia que os acolhe temporariamente. “Não sei se conseguiria viver em Arrouquelas, talvez sim. As pessoas são muito simpáticas e prestáveis. Acho que até gostaria de ficar por aqui”. Já Daniel gostaria de ficar pelo menos um ano ou pouco mais. Diz que os vizinhos são simpáticos e que gosta de ir ao café jogar matraquilhos com os moradores da terra.
Kaidi revela que já tinha pensado no assunto, “Na realidade já havia planeado viver numa vila pequena e ao vir para aqui sabia que ia ser um bom teste. Gosto bastante de estar aqui, as pessoas conhecem-se todas umas às outras, é confortável”. Mas nem tudo é perfeito, pois a maioria dos participantes estrangeiros do projecto queixa-se da deficiente rede de transportes que existe no concelho, mas por outro lado destaca a boa vontade dos habitantes locais e o espírito de amizade e cooperação que os faz sentir parte da comunidade.
Martha é a única que torce o nariz à ideia de viver numa aldeia pequena como Arrouquelas. Diz que em Portugal as aldeias são muito pequenas em comparação à Polónia e que não se vê a viver num pequeno aglomerado urbano.
Alexandre Jacinto sublinha o facto de uma organização de meio rural ter, nos últimos anos, levado centenas de jovens da região a participar em projectos um pouco por toda a Europa, marcando o seu percurso individual, e recebido centenas de jovens de vários países numa aldeia que se transformou num “centro da educação não formal e no centro da Europa pelo elevado número de participantes oriundos de vários países europeus e do mundo”.