Praça de touros Palha Blanco é o melhor sítio para o Museu da Tauromaquia
Debate em Vila Franca de Xira discutiu futuro de museu prometido há décadas. Painel de especialistas avisou que a comissão que avalia e discute a criação do Museu da Tauromaquia só atrapalha e que pode fazer mais mal do que bem ao andamento do projecto.
O melhor local para construir o futuro Museu da Tauromaquia em Vila Franca de Xira é a praça de touros Palha Blanco. A ideia foi defendida por vários populares e directores de museus num debate promovido pelo Partido Social Democrata na Casa dos Forcados de Vila Franca de Xira na noite de 20 de Junho.
A mesa foi composta por um grupo de pessoas ligadas ao mundo dos museus e da festa brava, com destaque para Marco Espinheira, director da Futuro - entidade que gere a rede dos 21 museus de Cascais e Rodrigo Moita de Deus, director do novo NewsMuseum, em Sintra. Gerou consenso a ideia de que o futuro Museu da Tauromaquia deve ser um local com grande centralidade, história e potencial de cativar novos públicos na cidade.
“O que interessa é que o espaço tenha centralidade e por isso quanto mais próximo dos estacionamentos e das estações de comboio e autocarro melhor. É preciso ver quanto se vai gastar nisto e que tipo de programação terá. Vai ser necessária uma gestão de projecto eficaz e não uma comissão”, avisa Marco Espinheira.
Também Rodrigo Moita de Deus lembrou que o novo museu “tem de ser um local onde possamos passar mais de seis horas” e avisou que a melhor maneira de matar uma tradição é fazer um museu. “A lei dos museus em Portugal tem 320 artigos e é preciso um currículo de 30 páginas para se poder ser director. É ridículo. Se um dia perguntarem se o Museu da Tauromaquia cumpre a lei, tenham cuidado, porque se a cumprir será para matar a tradição”, ironizou.
O responsável do NewsMuseum lembrou que o paradigma mudou e que hoje os museus devem estar repletos de conhecimento, interactividade, conectividade, multimédia e gaming (jogos). “Havendo um museu sobre tauromaquia, ele não pode ser apenas fotos numa parede. Tem de ser muito mais do que isso, tem de ter coragem de ir mais além”, notou.
Rodrigo Deus lembrou também “o grande potencial da tauromaquia” em virar moda, como o fado. “Basta saber promover esta arte como deve ser”, disse, também considerando que em Vila Franca de Xira a praça de toiros será o local “com maior capacidade para atrair pessoas” para o novo museu.
Rui Rei, vereador da Coligação Novo Rumo, liderada pelo PSD, também elegeu a praça de toiros como local de eleição para o novo museu. “Temos de ser provocadores e deixar o politicamente correcto. Os museus não podem ser cemitérios que só visitemos de vez em quando. É possível fazer uma coisa diferente na praça de toiros”, afirmou. O autarca lembrou que o grupo de forcados “é o exemplo do fraco apoio municipal” que é dado aos agentes da tauromaquia no concelho e avisou que se nada for feito “daqui a quatro anos [a tauromaquia] será apenas uma memória”. Cerca de duas dezenas de pessoas participaram no debate, incluindo populares, que deram as suas opiniões sobre o que deverá ser o futuro museu. Agregar a vida das gentes da terra, preservar as tradições e ser inovador foram algumas das palavras chave.
Já Emanuel Matos, dos Forcados de Vila Franca de Xira, lembrou que é preciso haver “alguém que guie” a criação do novo museu. “É um projecto inovador e que irá unir a cultura em Vila Franca de Xira, com o sítio, pessoas e espólio certo tem tudo para vencer”, concluiu.