Prédio inacabado em cima de nascente é um problema sem solução
Cave do esqueleto de tijolo e betão está transformada num lago. Foco de insalubridade no centro histórico da cidade de Santarém voltou a ser falado na reunião de câmara. Construção ficou a meio após falência do empreiteiro e pertence agora a um banco.
O presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves (PSD), diz que não percebe como foi possível ter-se iniciado e desenvolvido a construção de um prédio de grandes dimensões, no centro histórico da cidade, em cima de uma nascente de água que não pára de jorrar. Essa situação levou a que a cave do edifício, cuja construção ficou a meio, esteja permanentemente alagada, configurando uma situação de insalubridade que tem motivado queixas da vizinhança. O lago que ali existe atrai muitos insectos e outra bicharada e é também um potencial pólo de insegurança, embora actualmente a zona esteja devidamente vedada.
Ricardo Gonçalves disse em reunião de câmara que a entidade bancária proprietária daquele esqueleto de tijolo e betão, que começou a ser edificado há cerca de 20 anos, foi contactada no sentido de se tentar resolver um problema que já foi notícia diversas vezes. “É uma situação preocupante”, admitiu o autarca dizendo que se trata de uma nascente “muito forte”. E acrescentou não perceber “como não viram isso no início da obra”, situada na rua 15 de Março.
O assunto foi levantado pelo vereador Ricardo Segurado (PS) que referiu que “a cidade só tem a ganhar se for colocado termo a estas situações no espaço público”, acrescentando que os moradores queixam-se dos mosquitos, melgas e ratazanas. “Aquilo constitui uma degradação da paisagem. Não faz sentido criar políticas de atracção de pessoas para o centro histórico se não tentarmos resolver estes problemas”, afirmou o autarca socialista.
Muitas têm sido as intervenções sobre o caso ao longo dos anos nas reuniões do executivo camarário. Em Novembro de 2014, o vereador do Urbanismo, Luís Farinha, admitiu que dada a actual situação económica não acreditava que o actual estado de coisas se alterasse nos tempos mais próximos.
O prédio foi embargado em 2001 pelo tribunal devido à falência do empreiteiro de Alpiarça que o estava a construir. Durante o tempo em que ficou ao abandono o prédio serviu de abrigo a toxicodependentes que entravam e saíam por brechas abertas na vedação. Entretanto, após queixas de moradores da zona que tiveram eco nos órgãos autárquicos, o imóvel foi vedado.
O lago que se forma na zona da cave devido às nascentes que ali existem constituía também um perigo para crianças, além das seringas usadas deixadas no chão. Já em 2003 o então vereador da CDU, José Marcelino, alertava para a necessidade de se notificar o proprietário do imóvel para evitar problemas de salubridade e segurança.