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Dar visibilidade aos problemas do Tejo prejudica a economia local

Dar visibilidade aos problemas do Tejo prejudica a economia local

Conferência sobre a sustentabilidade do rio decorreu em Vila Nova da Barquinha

Os problemas do Tejo voltaram a ser discutidos à mesa na Barquinha. Autarcas e dirigentes empresariais e associativos reuniram-se no dia 7 numa conferência organizada pela associação Tagus Vivan. Vasco Estrela, presidente da Câmara Municipal de Mação, foi o orador que melhor sintetizou o estado de espírito dos agentes locais que não podem calar os seus problemas e, ao mesmo tempo, são vítimas do alarde que as suas palavras causam na comunidade. Dar visibilidade aos problemas do rio pode prejudicar os agentes económicos locais, é a conclusão que se pode tirar desta conferência que juntou membros do governo, dirigentes associativos e autarcas.
Vasco Estrela considera real e preocupante a poluição no rio Tejo e diz que a mesma não pode ser escondida. Mas é uma publicidade que traz outros problemas para quem vive na região: “Todos os investimentos que têm sido feitos por municípios e agentes económicos, que de alguma forma estão relacionados com o rio Tejo, sofrem desta publicidade negativa. Tenho no meu concelho industriais de hotelaria que ganham a vida vendendo peixe do Tejo e que me transmitem quão difícil é passar a mensagem que é seguro comer peixe do rio”, referiu.
O autarca de Mação disse ainda que o açude de Abrantes e o travessão na zona do Pego são pontos problemáticos que deveriam ter sido evitados, ou remediados, agora que se percebe o quanto são parte do problema.
Júlia Amorim, presidente da Câmara Municipal de Constância, realçou a importância do dia seguinte desafiando os autarcas a deixarem-se de ilusões. “Tudo o que se possa afirmar e dizer nesta conferência vale o que vale mas não vai resolver os muitos problemas do Tejo. O que na verdade conta é o dia a dia”, disse, aludindo à necessidade de políticas comuns dos autarcas da região para fazerem frente aos problemas do rio.
A conferência contou com a presença de Pedro Serra, especialista em recursos hídricos, que é sempre garante de uma boa abordagem dos problemas do rio. Carlos Martins, secretário de Estado do Ambiente, e Nuno Lacasta, presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, foram igualmente presenças que ajudaram a dar visibilidade ao evento.

Comentário

“Espanha não incumpre com os regimes de caudais da convenção de Albufeira”

Foi no dia 7, em Vila Nova da Barquinha, que se falou no Tejo sustentável. Falou-se e bem. Nem sempre se fala bem mas desta vez falou-se bem. Descontemos os ambientalistas da nossa praça que vivem noutro mundo, acreditam em milagres e querem o Tejo de há 50 anos. Júlia Amorim pôs o dedo na ferida. Para ela discutir o Tejo é agendar os problemas do rio e resolvê-los em conjunto.
Nuno Lacasta falou numa nova coligação do nosso rio. Paulo Constantino está satisfeito porque o Tejo faz parte da agenda política do país. Nada destas conquistas resolvem os problemas do rio mas ajudam a adoçar o dia de amanhã. No meio da lamúria do costume ouviu-se falar do “ponto de equilíbrio entre o direito à qualidade da água e a obrigação ao não dano”, o que remete, por exemplo, para a utilização da água do rio para regas de forma indiscriminada.
Há uma contradição que ainda persiste no meio destas discussões que parecem destinadas a cumprir calendário político e associativo. “Espanha não incumpre com os regimes de caudais da convenção de Albufeira”, ouviu-se dizer na Barquinha sem que caísse o tecto da sala. Esta é no entanto a questão que mais enche a boca dos ecologistas e dos políticos que têm ouvidos de mercador e, nalguns casos, afirmam exactamente o contrário daquilo que é a verdade, e ninguém os leva presos.

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