Filarmónica de Santo Estêvão tem-se adaptado aos tempos para atrair jovens
Colectividade festejou no sábado 42 anos de vida com um programa onde se destacava um “striptease musical”. Apoio autárquico tem sido fundamental para equilibrar as contas.
A Sociedade Filarmónica de Santo Estêvão (SFSE) anunciou um “striptease musical” para celebrar os 42 anos de vida da colectividade, na tarde de sábado, 29 de Outubro. A curiosidade propagou-se com várias pessoas da plateia a perguntarem, no intervalo do concerto da banda, quem era o corajoso que se ia despojar das vestes em público. Enquanto na plateia se esperava pelo “striptease musical!, a banda filarmónica fez aquilo que melhor sabe. Na interpretação da música de Adolf Schreiner, ‘Immer Kleiner’, o solista Rui Cocharra foi desmontando aos poucos o clarinete que tocava, criando uma espécie de striptease do instrumento. Quem assistiu bateu palmas no fim apesar de ter ficado no ar algum desapontamento, pois havia quem esperasse outra coisa.
A banda é formada por cerca de 30 elementos, muitos deles jovens. Este ano entraram para o grupo mais seis músicos. O que, de acordo com o presidente da colectividade, já não é fácil de conseguir nos dias de hoje. “No meu tempo não havia computadores, não havia nada. Os miúdos agora estão mais interessados nos tablets e telemóveis, o que dificulta chamá-los para a colectividade. Agora temos muitas raparigas, mas ainda são mais rapazes. As meninas chegam a uma idade e já só querem namorar. Os rapazes é que ainda vão ficando”, refere sorrindo o presidente da SFSE, José Duarte, 62 anos.
O dirigente associativo está na filarmónica desde que esta foi reactivada há 42 anos. A SFSE começou no século XIX, mas acabou por se extinguir. Foi reactivada em 1974, após o 25 de Abril. A ideia partiu de um grupo de amigos. Deslocaram-se a Lisboa e sem qualquer dinheiro conseguiram os instrumentos da banda. “Foi-se fazendo eventos para angariar dinheiro e num espaço de poucos meses conseguimos pagar todos os materiais”, diz José Duarte.
O vice-presidente refere que nos dias que correm é mais difícil conseguir dinheiro e este ano a colectividade ressentiu-se com alguns prejuízos. Valeu o apoio da junta de freguesia que permitiu à SFSE equilibrar as contas. “Fomos do céu ao inferno e voltámos. Estávamos a ficar com uma situação financeira complicada. Os custos foram crescendo de forma gradual. Cortámos alguns serviços, como a fotocopiadora e as limpezas. É a junta que durante 2016 tem suportado a limpeza do edifício. Essa poupança permitiu-nos economizar verbas para repor as nossas contas”, explica António Silva, 51 anos.
Autarquias anunciam “presentes” em dia de aniversário
A intervenção da Junta de Santo Estêvão tem sido fundamental mas a autarquia não vai ficar por aqui. O presidente da junta, Nélson Norte, anunciou como presente de aniversário a colocação de placas toponímicas para melhor indicar a localização da sede da sociedade. Já a Câmara Municipal de Benavente prometeu a renovação do sistema de iluminação, de som e audiovisual.
Para 2017 está programada uma angariação de fundos de forma a renovar alguns dos instrumentos musicais. “Temos instrumentos no activo com mais de 40 anos. Nenhum músico tem nas mãos instrumentos mais baratos do que 600 euros. É um bocado de dinheiro”, refere o vice-presidente.
A colectividade tem-se focado em motivar os jovens para a música e a direcção sabe que os tempos são outros e os jovens têm uma maneira diferente de aprender. “Mudamos muita coisa no ensino. Aliamos mais a prática à teoria, pois eles não têm a persistência para aguentar o percurso que nós fizemos. Por um lado é mau, mas são tempos diferentes, não há volta a dar. Cabe a nós motivá-los e fazer com que se sintam bem”, refere António Silva.