Rugby Clube de Santarém está a crescer mas precisa de mais apoios
Cerca de duzentos jovens praticam a modalidade no clube. O presidente George Stilwell destaca o trabalho feito na valorização das instalações no complexo da antiga Escola Prática de Cavalaria mas fala na necessidade de se efectuarem mais algumas melhorias ao nível da iluminação, sede e balneários.
“Eu diria que se o clube fosse de futebol se calhar era mais fácil”. George Stilwell está no seu segundo mandato à frente do Rugby Clube de Santarém (RCS) e afirma encontrar algumas dificuldades no apoio da câmara para situações prioritárias, “apesar da boa vontade demonstrada”.
O dirigente dá exemplos a O MIRANTE:
“Já lhes pedi para colocar luz sobre o parque de estacionamento porque receio que haja algum acidente com os carros e com os miúdos ao pé do campo de jogos e o caminho até à saída, no Largo Infante Santo, é muito estreito e não está iluminado. Como estamos no centro da cidade há miúdos que vêm a pé e qualquer dia pode acontecer alguma desgraça”.
O RCS tem sede na Praça do Município da cidade e os treinos e jogos realizam-se nas instalações da antiga Escola Prática de Cavalaria. Os balneários estão a cem metros do campo de jogos, num pavilhão, também propriedade do município, e outra das prioridades passa por conseguir ter a sede junto do campo, assim como os balneários. “Santarém tem a agradecer ao clube, valorizamos uma parte da cidade que estava abandonada e em ruínas. Temos tudo organizado e em bom estado e merecíamos melhores condições, mas nada de luxuoso”, ressalva o dirigente.
No campo os bunkers foram transformados num ginásio e numa zona de café e com o trabalho voluntário da direcção, das famílias e com o apoio dos patrocinadores foi possível a construção de bancadas. “Aqui há muito o ambiente de família. O desporto tem crescido e quase todos os miúdos que experimentam ficam. Esta envolvência é óptima”, afirma.
Financeiramente o RCS está estabilizado. Os patrocínios têm vindo a crescer e outras receitas, como as anuidades dos jogadores ou a verba vinda do programa municipal de apoio ao desporto, permitem a sobrevivência, apesar das deslocações dos diversos escalões (sub-8, 10, 12, 16, 18 e seniores) consumirem muitos recursos. Da Federação Portuguesa de Rugby o clube apenas recebe a comparticipação nos seguros para os atletas até aos sub-14.
Um desporto duro mas não violento
Com 21 anos, o RCS conta com cerca de 200 atletas federados espalhados por sete escalões. Na época transacta os seniores alcançaram o terceiro lugar no segundo escalão nacional mas o objectivo não passa pela primeira divisão: “O que me orgulha é ter a grande maioria dos seniores vindos da formação. A estratégia que defini é ser um clube de formação. Um clube para ensinar os bons valores do rugby, para os miúdos se divertirem e para as famílias perceberem como a modalidade ajuda no crescimento e na formação física e mental”, acrescenta George.
Actualmente a equipa sénior conta apenas com um elemento que não foi formado pelo clube e George realça que o único assalariado na estrutura técnica é um treinador sul-africano, neto de portugueses oriundos de Guimarães, que entrou há poucos meses. “Ele não fala português mas tem sido excelente. Veio para treinar os seniores mas também está com os mais novos e ajuda-nos com a logística, até a pintar se for preciso. Os miúdos gostam muito dele”, revela.
George sente a modalidade a crescer e mais adesão mas ainda não está satisfeito, pedindo mais visibilidade principalmente nas televisões: “As pessoas deviam perceber que o desporto é duro mas não é violento e um maior mediatismo desfazia o medo de pôr um filho neste desporto”.
“Neste momento não há ninguém que queira pegar no clube”
George Stilwell nasceu em Lisboa e é veterinário. Começou por trabalhar no norte, mudou-se para Montemor-o-Velho e actualmente é professor na Faculdade de Medicina Veterinária em Lisboa, vivendo há dez anos em Santarém.
Aos 13 anos entrou no rugby no CDUL - Centro Desportivo Universitário de Lisboa e quando viveu em Montemor-o-Velho jogou na Académica de Coimbra. Há dez anos que está no Rugby Clube de Santarém e no ano passado ainda jogou pelos seniores. “E se este ano me pedirem para jogar jogo”, diz do alto dos seus 53 anos. Treina os sub-12 e está a seis meses do fim do segundo mandato como presidente RCS que termina em Maio.
“Neste momento não há ninguém que tenha dito que quer pegar no clube, isto dá muito trabalho. A ideia é arranjar alguém que tenha vontade de continuar o trabalho feito. Mas não me vou preocupar com isso até Abril, altura em que se devem apresentar as listas”, conclui.