O que os maquinistas revisores se devem divertir a deixar passageiros em terra
Partilho a opinião de muitos portugueses sobre a CP. É uma empresa que, debaixo do controle dos sindicatos do PCP, não funciona para resolver problemas de transporte dos cidadãos mas, essencialmente, para dar emprego aos seus funcionários. Tenho motivos fundados para acreditar nisso.
Já aqui li nesta secção, leitores a denunciarem o comportamento de alguns maquinistas de comboios regionais com partida de Santarém para Lisboa, que, apesar de verem passageiros em correria para não perderem o comboio, lhes fecham as portas exactamente na altura em que eles vão para entrar e arrancam, deixando-os em terra.
Na quarta-feira, 26 de Outubro, pelas 9h02, tive oportunidade de ver uma dessas cenas. O comboio procedente de Tomar chegou a Santarém na linha nº 2. Enquanto os passageiros saíam vi duas senhoras a sair das bilheteiras na linha 1 e a correrem para apanhar aquele comboio. Quando chegaram à plataforma da linha 2, fartaram-se de agitar os braços para chamar a atenção do maquinista e do revisor. Eu tinha parado e pude ver que tanto o maquinista como uma pessoa que estava na cabina do maquinista com ele, viram claramente os gestos de desespero das passageiras.
Elas demoraram não mais de dois ou três segundos até chegarem à primeira porta da composição mas assim que fizeram um movimento para entrar o maquinista fechou-lhes a porta na cara e deixou-as em terra. Não acredito que fosse por questões de cumprimento de horários até porque o comboio circulava à tabela e atrasos na CP são “mato” como se costuma dizer. Na plataforma da linha 1 um trabalhador com casaco de ganga e uma bandeirinha vermelha enrolada seguiu a cena. Ainda disse às senhoras para usarem o livro de reclamações. Não acredito que o tenham feito porque sabem que há sempre uma justificação técnica qualquer...embora não haja qualquer justificação ética moral ou de humanidade. Mas essas coisas não contam, não é verdade?
Amílcar Pereira