A poluição que tem atingido o rio Nabão nas últimas semanas deve-se ao mau funcionamento da ETAR (Estação de Tratamento de Águas Residuais) de Seiça e também a outras descargas que estão a ser investigadas. A informação foi avançada pela presidente da Câmara de Tomar, Anabela Freitas (PS), em sessão camarária, depois do Nabão ter apresentado focos de poluição há cerca de duas semanas.
A autarca explicou que as descargas da ETAR de Seiça, responsabilidade da Câmara de Ourém, são causadas pelo mau funcionamento desse equipamento. “Quando foi construída não tinha capacidade de tratamento para todos os afluentes que vão para lá. As autoridades estão também a investigar outras descargas que têm existido, embora não possa adiantar muito mais”, esclareceu.
Na última reunião de Câmara de Ourém, questionado sobre o mesmo assunto, o presidente do município, Paulo Fonseca (PS), começou por dizer que não falava sobre isso. Após insistência do vereador Luís Albuquerque para tentar perceber o que se estava a passar, Paulo Fonseca limitou-se a dizer que houve uma avaria na ETAR de Seiça e que só fala no assunto quando chegar um relatório que aguarda. Confirmou, no entanto, que no local estiveram a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e o SEPNA (Serviço de Protecção da Natureza) da GNR a recolher amostras de água para análises.
Anabela Freitas referiu que a Câmara de Tomar contratou uma empresa para fazer análises à água do rio. “Assim que tivermos os resultados comunicaremos”, disse, acrescentando que sempre que existem registos de descargas informam as entidades competentes.
Em comunicado, a CDU de Tomar manifesta-se contra os “frequentes crimes ambientais provocados pelas descargas feitas a partir da ETAR de Seiça, que se encontra instalada na freguesia da Sabacheira, concelho de Tomar, mas que é responsabilidade do concelho de Ourém. “A freguesia da Sabacheira, que ainda não assegura à sua população o saneamento básico, recebe os esgotos de Ourém e fica com o ónus de poluir o rio Nabão, trazendo até à cidade de Tomar águas poluídas, escurecidas e espumosas, como aconteceu nos últimos dias”, critica, acrescentando que o “acordo” estabelecido entre as duas autarquias, Tomar e Ourém, traz mais “descargas de poluentes para o concelho de Tomar do que “bons resultados e bons cheiros”.