Um jornalista está mais bem preparado para fazer o seu trabalho quanto mais experiências de vida tiver. Até ser baby-sitter, ama de crianças. Há seis anos que não pegava num carrinho de bebé e mesmo com o meu filho nunca fiz o que desta vez tive de fazer com o filho do presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves, e de Vânia Neto, quadro da Microsoft. Levar o Afonso, um delicado tesouro com três meses de vida, dentro do carrinho, pelo ar, pelas escadas íngremes da redacção do jornal, foi uma verdadeira aventura, que nunca tinha acontecido neste espaço de trabalho.
Vânia Neto não tinha com quem deixar o filho e para não faltar à entrevista para a rubrica “Duetos Improvisados” trouxe-o para um momento que certamente vai fazer parte do álbum de memórias do casal e da criança e que marca uma das muitas histórias do jornal. Levar o pesado Afonso com perto de seis quilos, mais o carrinho que pesa outros tantos, por umas escadas, era um trabalho que exigia perícia. O jornalista Hugo Figueiredo, com três filhos, foi quem ajudou no complicado transporte, sob as orientações da atenta mãe. Se Ricardo Gonçalves fosse presidente quando foi construído o edifício, e visse um cenário destes, não deixaria que se fizessem escadas tão íngremes e com degraus estreitos, que caracterizam os imóveis antigos do centro da cidade.
Durante a gravação da rúbrica, o pequeno Afonso ficou no carrinho na sala das entrevistas e só ensaiou um tímido choro a meio. Não sabemos se terá sido por não gostar de alguma coisa que a mãe tenha dito, porque voltou a cair no sono num minuto embalado por mãos habituadas à responsabilidade de agarrar em esferográficas. Vânia Neto foi comunicando por sinais durante a entrevista para saber se estava tudo bem com o bebé. E o Afonso saiu ao fim de hora e meia tal como tinha entrado, a dormir pacificamente. Porque quem aqui entra, seja amigo ou inimigo, fica em boas mãos.

António Palmeiro