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Transcendente  Serafim das Neves

O Pavilhão Municipal do Entroncamento mete água quando chove e a última vez que isso aconteceu foi aqui há dias no decorrer de um jogo de futsal entre o Sporting e o Benfica que, por pouco, não foi transformado em jogo de pólo aquático para grande desalento dos espectadores para quem a modalidade não interessava muito desde que desse para gritar e agitar bandeiras e cartazes. Mesmo assim houve emoção a rodos com as senhoras da limpeza a apanhar baldes de água ao intervalo e o árbitro a apitar mais aos charcos do que às faltas.
O encontro foi televisionado mas a parte mais emocionante, um ping-pong de comunicados entre PS e PSD, ocorrido dias depois, não teve qualquer destaque, o que lamento. O pavilhão começou a ser construído e muito mal construído no tempo em que o PS mandava na câmara. Depois foi terminado de forma atamancada quando governava o PSD e agora que governa outra vez o PS não pára de meter água apesar da especialidade do actual executivo ser o remendo.
Como vês argumentos não faltam a nenhum dos partidos para mostrarem as suas capacidades argumentativas. Enfim, uma espécie de serenata à chuva para gáudio de empedernidos apreciadores de conversas da treta como nós.
O ano está a chegar ao fim e em 2017 há eleições locais. A chuva de disparates vai ocorrer a partir do Verão quando regressarmos da praia mas até lá é certo e sabido que vão ocorrer gravaneiros, granizadas e trovoadas bem animadas, destemperadas e destrambelhadas.
Há quem se tenha divorciado da política. A esses eu direi que não sabem o que perdem. Há por aí tanto político e candidato a político com potencial para a asneira que é uma pena perder-se pitada daquilo que eles vão dizer e fazer. A vasta capacidade para o disparate da grande maioria é aquilo por que mais anseio quando se aproximam os períodos pré-eleitorais. Por vezes aqui em casa fazemos concursos para ver quanto tempo aguentamos sem rir quando um deles desata a falar ao povo.
Nas últimas autárquicas o recorde foi meu. Consegui estar dez segundos sem me rir quando um candidato do CDS-PP disse, num concelho onde nunca tinha eleito ninguém, que ia ganhar a presidência da câmara e com maioria absoluta. Os dez segundos foi o tempo que levaram a explicar-me o que ele tinha dito porque, como ele era fanhoso e gago, eu não tinha percebido nada.
Mas enquanto as eleições não chegam há outras coisas para a gente se entreter. Está já aí o grande carnaval natalício. Aquela época em que toda a gente se veste de Pai Natal e mete umas barbas brancas postiças. Há desfiles de Pais Natais motard, as meninas do super mercado usam gorros vermelhos, a minha vizinha do segundo esquerdo perdeu a cabeça e meteu uma foto no facebook com lingerie sexy e ao colo de um Pai Natal que eu costumo ver sempre no ginásio a fazer musculação...enfim. No meio disto tudo até me admira que ainda ninguém se tenha lembrado de formar uma escola de samba com meninas Pai Natal com pompons no sítio da parra, barretes vermelhos e as maminhas a abanar para sacudir a neve.
Eu sei que o Natal é outra coisa mas não me quero pôr aqui a dissertar sobre esses assuntos, não vá levar com um abaixo-assinado do Pedro Barroso e do Carlos Tomé, aqueles hereges de Torres Novas que quiseram convencer o Papa a não vir a Fátima. Sei lá eu se eles não me irão exigir que vá à Missa do Galo antes de comer o bacalhau com couves bem regado com aquele divino tinto reserva de Alcanhões que tenho ali guardado para beber à consoada...religiosamente!
Saudações gingombélicas
Manuel Serra d’Aire

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