Um presépio de carne e osso na Casa do Povo de Arcena
Acompanhada pelo neto, a avó senta-se junto a um antigo assador, que tem umas quantas brasas quentes de onde emana calor. A criança, com ingénua curiosidade, questiona a avó sobre a história do menino Jesus. “Quem foi esse pequeno petiz que teve um nascimento tão importante?”. A avó tira a Bíblia e começa a contar a história sagrada. Pela porta do salão da Casa do Povo de Arcena, entra Liliana como mãe de Jesus, enquanto Ricardo, na pele de José, a conduz até ao palco.
O casal participa no presépio vivo organizado há mais de uma década pelo Rancho Folclórico de Arcena, em Alverca. O menino Jesus que está silenciosamente no berço é o próprio filho do casal. Liliana Miranda é educadora de infância e diz que o filho Vasco, de dois meses, é sossegado. “Foi a primeira vez que fizemos algo assim. Fomos convidados pela Casa do Povo. É algo interessante, é representar mesmo ao vivo o que temos debaixo da nossa árvore de Natal”, refere Ricardo Queiroz, engenheiro de telecomunicações.
A representação contou também com os habituais reis magos e outras figuras habituais num presépio mas a grande estrela foi um borrego. O pequeno animal foi oferecido por um morador da zona e durante o espectáculo o balir do animal arrancou gargalhadas entre o público.
“É a segunda vez que participo. A primeira já foi há alguns anos. Entretanto estive a trabalhar fora do país e voltei a Portugal e para o rancho. Sou um rei mago um pouco mais sábio e com mais idade”, refere por seu lado Jorge Martins, 40 anos.
João Casquinha, 16 anos, encarnou o rei mago Gaspar. O jovem aceitou colaborar com o rancho ainda que não goste muito da época natalícia. A mãe de João também participou. Fátima Simões foi a avó que explicou a história do presépio ao “neto” e também se estreou no elenco. A senhora de 40 anos está no rancho de Arcena há dois anos, após ter deixado Ferreira do Zêzere, onde também integrava um grupo etnográfico.