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Árvore de Natal

Dê atenção às árvores que o rodeiam e verá que vale a pena. Nestes dias de família, que cada um de vós possa aceitar este presente da natureza, que são as árvores.

Embora o Presépio e a Árvore de Natal tenham passado para um plano secundário, para muitos, felizmente, ainda têm algum significado pelo seu enorme simbolismo e não só. Por ora, parece que o que conta é quem tem o maior presépio e árvore mais alta, quiçá com mais luzes.
Cada vez mais admiro as árvores. Num tempo em que a tecnologia avança a um ritmo mais rápido que a própria mentalidade do homem, mas que nada resolve do essencial, a árvore converte-se num ponto de referência indispensável. As suas qualidades - imobilidade, estabilidade, neutralidade e equanimidade, assim como a sabedoria do seu ritmo - dão-lhes um especial valor como amigas e conselheiras. Repare-se no comportamento das árvores face às estações do ano, uma enorme sabedoria.
A semana passada caminhei, com o grupo “Tejo a Pé”, por Monsanto (Lisboa). As árvores ajudam muito a restabelecer o diálogo correto entre o ser humano e a natureza. Através deste contato, toma-se consciência de que a natureza é um dos meios por excelência para a evolução humana e o lugar onde se encontram os códigos para que cada pessoa possa aprender e evoluir como Ser. Na generalidade andamos distraídos disto, na ilusão que a tecnologia tudo pode e resolve.
Os conteúdos simbólicos da árvore são imensos: eixo do mundo (a ligação entre a Terra e o Céu); fertilidade; árvore da vida; ascensão do homem; descida da Graça Divina sobre a Terra (árvore invertida com as raízes no céu...
A árvore é dotada de uma grande generosidade e é o prolongamento da terra que cresce e se eleva. A árvore é a terra que brota. Não há nenhum outro ser tão generoso como a árvore, ela é algo de valioso e gratuito para o Homem. Os seus frutos, folhas, madeira, sombra, as suas flores e beleza são bens de referência ideais para a própria vida.
A energia das árvores possui a firmeza e a segurança de tudo o que vem de longe e pertence aos elementos de longo tempo. É uma energia passiva, continuada e de grande eficácia. Por esta razão, os antigos pastores descansavam encostados às árvores, eles lá sabiam porquê. E o que dizer dos saborosos frutos ou do tradicional madeiro de Natal?
Custa-me imenso compreender porque não se reflorestam os campos e por que razão, nas cidades, se estendem tapetes de relva em vez de se plantarem árvores. Muito mais do que plantar uma árvore na escola, no dia 21 de março, é importante que as nossas crianças aprendam a admirar, a respeitar e a viver as árvores.
Esta época é a oportunidade para fazermos algo mais pelas árvores, elas farão muito mais por nós. Dê atenção às árvores que o rodeiam e verá que vale a pena. Nestes dias de família, que cada um de vós possa aceitar este presente da natureza, que são as árvores, são os meus votos.
Carlos Cupeto – Universidade de Évora

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