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Duas jovens na liderança da Associação de Reformados do Tramagal

Duas jovens na liderança da Associação de Reformados do Tramagal

Duas jovens do Tramagal, na casa dos 30 anos, lançaram-se em 2014 na aventura de dirigir uma associação de reformados da sua terra que viam que “estava sem vida e quase a afundar-se”. Inês e Lígia estavam no desemprego e decidiram meter mãos à obra. E a aposta está a ser ganha.

Inês Neto e Lígia Marques vão entrar no seu terceiro ano de mandato à frente da Associação de Reformados do Tramagal (ARTRAM) que conta actualmente com cerca de quatro centenas de sócios e 60 alunos na sua universidade sénior. A experiência não lhes trouxe quaisquer benefícios monetários mas já lhes encheu o coração, apesar da tarefa não ser fácil. O tempo para estar com as suas famílias tem vindo a diminuir mas Inês e Lígia explicam aos mais próximos que nunca perdem tempo, apenas o usam em coisas diferentes.
Foi o desemprego que, em 2014, levou Inês, 34 anos, e Lígia, 32 anos, a meterem mãos à obra e agarrar na Associação de Reformados do Tramagal (ARTRAM), “que estava sem vida e quase a afundar”. Acharam que valia a pena e também uma forma de fazer alguma coisa pelas pessoas daquela vila do concelho de Abrantes.
A presidente da direcção, Inês Neto, explica que colabora há muito tempo com o movimento associativo local, conhecido pela sua dinâmica. “Comecei na Cistos através do meu irmão Bruno Neto e sempre gostei de participar em actividades. Se pudermos dar um bocadinho de nós à sociedade acho que devemos fazê-lo”, conta.
A ARTRAM tem cerca de 400 sócios. Uma universidade sénior com 60 alunos e umas instalações cedidas por uma empresa na zona industrial do Tramagal que funciona todos os dias úteis da 9h00 às 17h30. Todos os meses há pelo menos um “Chá Dançante” num domingo à tarde nas instalações da ARTRAM, onde há música, petiscos e animação. O orçamento da associação ronda os 10 mil euros anuais. “Em 2016 movimentámos um pouco mais porque tivemos que fazer obras na sede”, explica a presidente. A empresa Predier cedeu gratuitamente as instalações, um edifício dos anos 60, e também deu um donativo para a ajuda das obras.
Inês Neto tirou uma licenciatura de professora do 1º ciclo mas neste momento é administrativa num gabinete de contabilidade em Constância. Lígia é técnica superior de turismo e está a exercer funções de museóloga no Município de Abrantes. Quando arranjaram emprego o tempo começou a escassear para estar na associação e começaram a gerir a colectividade “mais na retaguarda”. Por isso tiveram de arranjar uma funcionária através do Centro de Emprego para garantir que as portas da sede fossem abertas. “Foi uma forma de criarmos mais um emprego e tirarmos uma desempregada de longa duração de casa”.

É difícil agradar a todos
As jovens dirigentes confessam que “por vezes não é fácil ir ouvindo algumas críticas, mas quem não faz nada nunca é criticado. Não é fácil lidar com as pessoas desta faixa etária”, dizem. A direcção criou novas dinâmicas mas o mais difícil é “tirá-los de casa e agradar a todos”.
As jovens dão o exemplo de algumas dificuldades. “No ano lectivo passado projectámos duas viagens de estudo a museus que tiveram de ser canceladas porque tivemos poucas inscrições. Logo a seguir organizámos uma viagem à Nazaré e tivemos o autocarro cheio. Devido à diferença de idades não é fácil entender o que eles querem. Para nós levá-los a um museu ou a uma viagem diferente era uma coisa espectacular mas eles preferem ir a Fátima”, confessam.
Nesta caminhada de dois anos há momentos que nunca mais se esquecem. “O melhor foi quando organizámos as marchas em que tivemos mais de três centenas de participantes. E se pensarmos que cada participante trouxe dois familiares podemos dizer que tivemos um mar de gente aqui no Tramagal”.
Tanto Inês como Lígia querem sair em Outubro de 2017 quando acabar o mandato. “Achamos que está na hora desta associação ser gerida por iguais. Demos vida à associação, imprimimos novas dinâmicas, novas formas de trabalhar, de gerir, e agora, está na hora de serem eles a agarrar nisto. Vamos continuar a ajudar mas não a liderar. Afinal esta é uma associação de reformados. Não nos valeu de nada em termos monetários, mas quando sairmos vamos de coração cheio”, contam.
A família das dirigentes é quem mais se queixa do tempo que as duas jovens dedicam à associação. “O meu marido esteve aqui a trabalhar connosco. Os pais da Inês também ajudam e quando não estão a trabalhar connosco estão em casa sem nós. O que costumamos dizer é que nunca perdemos tempo, utilizamo-lo em coisas diferentes”.

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