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Os Patuscos de Vialonga querem repetir êxitos do passado

Futebolistas profissionais Ivan Cavaleiro e Yannick Djaló deram os primeiros passos no pequeno clube do bairro da Icesa, em Vialonga.

O Grupo Desportivo Os Patuscos de Vialonga, fundado em 1995, procura voltar aos tempos em que muitos jovens praticavam desporto no clube em modalidades como futsal, atletismo, basquetebol, voleibol ou xadrez. Por ali passaram Ivan Cavaleiro e Yannick Djaló antes de rumarem ao Benfica e ao Sporting e tornarem-se futebolistas profissionais. Os cerca de 700 troféus guardados na sua sede são testemunho dessa época não muito distante que os actuais dirigentes querem reviver.
Actualmente, na pequena colectividade do bairro da Icesa, em Vialonga, apenas se pratica futsal, e num só escalão. Flávio Andrade fundou o clube em 1995. Nasceu em Angola há 62 anos, na cidade de Lubango (antiga Sá da Bandeira), e deu o nome de Patuscos ao clube pela alcunha que foi incutida ao bisavô. “O meu bisavô foi trabalhar como coveiro em Angola e costumava levar os amigos ao cemitério para petiscos, a denominada patuscada. Ficou conhecido como Patusco e o filhos também. E como as crianças gostam muito de brincar, tal como numa patuscada, ficou assim decidido o nome”, explica Flávio Andrade.
Quando Os Patuscos tiveram equipas federadas de futsal, durante três anos, o clube revelou mais dificuldades na secretaria do que em campo. Muitas das crianças não eram consideradas portuguesas pois os pais são estrangeiros, e o preço de inscrição por um atleta estrangeiro chegava aos 100 euros, enquanto que o luso era de apenas 15 euros. “Nós vivemos num bairro social e muitos dos pais estão ilegais no país, de forma que os miúdos apesar de terem nascido em Portugal são considerados estrangeiros”, critica Bruno Martins, gestor do clube.
Bruno Martins, 32 anos, jogou quatro anos no clube ao lado de nome sonantes como Ivan Cavaleiro (ex-Benfica), Yannick Djaló (ex-Sporting e Benfica) e Anilton Varela (Futsal Sporting). Este ano ao saber das precárias condições do clube decidiu ajudar e através de alguns contactos conseguiu um novo logótipo e novos equipamentos com o patrocínio de Ivan Cavaleiro, internacional português que jogou futebol em clubes como Benfica, Mónaco e agora está na 2ª divisão de Inglaterra no Wolverhampton. No futuro vão ter chuteiras e caneleiras também oferecidas por Cavaleiro.
“Merecíamos um reconhecimento pelos jogadores que aqui formámos. No dia em que o Benfica o veio ver fui eu que lhe atei os ténis, pois ele nem sabia atar as chuteiras, mas na bola já se destacava”, lembra Flávio Andrade.

Objectivo é o futebol federado
Bruno Martins refere que a ideia é crescer, mas não nas provas do concelho. Ambicionam jogar futebol federado, pois referem que aí é onde está a verdadeira competição, até porque no Xira (torneio municipal) há muitas equipas a perderem por falta de comparência. Segundo afirma, Ivan Cavaleiro também partilha da mesma ideia e Flávio quer que o futebolista faça parte da direcção do clube. O apelo de ajuda foi também lançado a Yannick Djaló mas, de acordo com o clube, não houve qualquer resposta por parte do atleta.
Bruno Martins salienta que as outras colectividades ultrapassaram Os Patuscos nas condições que proporcionam e neste momento são vários os emblemas que “vêm pescar” à Icesa.
A imagem de Flávio Andrade ultrapassa a posição de presidente do clube e o carinho que tem pelas crianças é mútuo. Vários olham para Flávio como uma figura paternal, da mesma forma como Flávio reconhece as crianças como “filhos”. “O senhor Flávio ajudou-me muito a escapar da ‘bandidagem’. Muitas vezes planeava com os amigos ir sair até às tantas numa sexta-feira, mas depois lembrava-me que no dia seguinte tinha prova e o sr. Flávio ia ficar chateado comigo”, assume Bruno Martins, técnico de Gestão de Desporto.

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