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As palavras têm magia e só precisam de ser acarinhadas e cultivadas
CONFIANÇA. Maria Gomes e Joaquina Raimundo são dois dos rostos da Palavra Cantada _ Associação de Cultura de Vila Franca de Xira

As palavras têm magia e só precisam de ser acarinhadas e cultivadas

Associação Palavra Cantada celebra este mês quatro anos de existência. Colectividade sem fins lucrativos nasceu do desejo de um conjunto de pessoas de Vila Franca de Xira que quis dinamizar a cultura e espalhar o gosto pela poesia e a literatura.

Maria Gomes e Joaquina Raimundo são dois dos rostos da Palavra Cantada - Associação de Cultura de Vila Franca de Xira que apesar de não andar sempre nos títulos dos jornais tem feito um trabalho consistente ao longo dos últimos quatro anos na divulgação da cultura e da literatura. Não apenas na região onde nasceu como, ultimamente, por todo o país.
O que inicialmente parecia um sonho acabou por tornar-se realidade em Dezembro de 2012, data em que foi formalmente criada a associação, que não tem fins lucrativos e que, na maioria das suas iniciativas, esgota a lotação das salas. Na génese da colectividade, explica Maria Gomes, presidente da colectividade, está a “sensibilidade e inspiração poética”, o “amor à literatura” e o “desejo de incrementar e divulgar” a cultura na comunidade.
Com cerca de uma centena de associados, a Palavra Cantada realiza, entre outras actividades, concursos literários, lançamento de colectâneas de poesia e prosa de autores nacionais e locais, homenagens a escritores, apoia a edição de obras de escritores locais que não têm acesso às grandes editoras, dinamiza tertúlias poéticas e sessões de poesia e conto. Vários dirigentes também fazem voluntariado nos tempos livres.
Entre os autores homenageados pela associação estão, por exemplo, Alves Redol, Júlio Graça, Florbela Espanca, Alberto Alexandre, o médico Cardoso Amaral ou o pintor João Mário. As suas sessões são sempre realizadas em espaços que lhes são cedidos, quer pela Câmara de Vila Franca de Xira quer por colectividades do concelho.
“Temos de reconhecer que Vila Franca de Xira tem muitos eventos culturais e muitas associações, mas não funcionavam da forma como nós gostávamos, com mais dinamismo, e por isso decidimos avançar nós próprios”, conta Maria Gomes a
O MIRANTE. As dirigentes fazem um balanço positivo dos eventos culturais realizados em locais como a Fábrica das Palavras ou o Museu do Neo-Realismo, pela câmara municipal, mas lamentam que a Junta de Freguesia de VFX, liderada por Mário Calado (CDU), não faça tantos eventos culturais como poderia.
E criticam também a forma como as celebrações do Dia Mundial da Poesia no concelho têm sido dinamizadas nos últimos dois anos. “Não mudou para melhor. O dia da poesia era celebrado com grupos de todo o concelho e agora é com exposições e outras actividades. Se calhar até tem outro valor mas a parte da poesia saiu um bocadinho a perder. Seria importante dar voz aos autores”, defende Maria Gomes.

Insiste-se sempre nos mesmos autores
Joaquina Raimundo é professora e vê com apreensão a forma como as novas gerações encaram os livros e a literatura. Acredita que ainda se lê, mas não o suficiente. Os atractivos dos jogos e das novas plataformas digitais são também culpados por algum desinteresse face aos livros em papel.
“As crianças não lêem o suficiente. Precisam de mais incentivo dos adultos para conseguirem ler. E depois lêem sempre os mesmos autores. Há escritores bons que não são divulgados, insiste-se sempre nos mesmos e depois os restantes têm dificuldade em mostrar o que valem”, refere.
Para as dirigentes da Palavra Cantada o concelho de Vila Franca de Xira tem “bastantes autores” mas que deviam ser “mais acarinhados” e divulgados. “As associações não andam sozinhas e não fazem as coisas sozinhas, precisam do apoio das pessoas e do seu incentivo”, defende Maria Gomes.
Para as dirigentes o concelho está a saber potenciar o Neo-Realismo e os escritores locais não estão esquecidos. Os objectivos futuros da colectividade passam por manter a inovação e a diferença que permitiram o seu crescimento nos últimos anos e reforçar o seu papel no panorama cultural.
Uma semana antes desta conversa com
O MIRANTE a Palavra Cantada apresentou na Fábrica das Palavras uma antologia de autores nacionais em que os 200 exemplares publicados esgotaram na hora. “Não vamos parar, vamos continuar a tentar que o sucesso cresça. A cultura cresce como uma árvore, mas para isso temos de a semear na infância e ir colhendo durante toda a vida. As palavras são mágicas, precisamos de as usar correctamente. Seja colocando num livro, num gravador ou usando numa palestra. Saber usar as palavras é fundamental porque na nossa sociedade por vezes ainda se fala muito à toa”, conclui Maria Gomes.

As palavras têm magia e só precisam de ser acarinhadas e cultivadas

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