O Município de Vila Franca de Xira pediu uma reunião com “carácter de urgência” com o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), por causa do Mouchão da Póvoa de Santa Iria. Em causa estão as crescentes “complicações e dificuldades” criadas por aquela entidade em torno da aprovação das obras de recuperação do dique que está a deixar a água do rio inundar a ilha artificial do rio Tejo. Um espaço que é património inserido na Reserva Natural do Estuário do Tejo.
Em causa está a demora na avaliação do projecto da obra, já submetido, antes que os trabalhos possam começar. Um processo que ainda deverá demorar vários meses até haver uma conclusão. Tempo que, nas condições actuais, pode significar a “perda irreversível” do mouchão, lamenta Alberto Mesquita, presidente do município.
“Quando o rombo era pequeno e facilmente reparável [a APA] fez imensas exigências. Actualmente com todo o tempo que passou a obra já vai custar perto de 265 mil euros. O dono não está muito virado para reparar e francamente se fosse comigo também não estava, perante tantas complicações. O que a APA está a fazer agora é espantoso. Quem tem responsabilidades ambientais não trabalha desta forma. Isto é revoltante”, lamentou o autarca, que voltou a defender “urgência” na intervenção.
O presidente de Vila Franca de Xira lamenta também o abandono a que o mouchão está entregue, dizendo que, por este andar, “o mouchão já era”. O autarca pretende na reunião com o presidente da APA “manifestar toda a insatisfação” do município de Vila Franca de Xira pela forma como o processo tem sido conduzido por aquela entidade. O MIRANTE já por diversas vezes pediu esclarecimentos à APA sobre o assunto mas nenhuma resposta nos foi enviada até hoje.
O Mouchão da Póvoa, recorde-se, é privado e é um dos três mouchões do rio Tejo no concelho de Vila Franca de Xira. A ilha tem um rombo grave num dos seus diques e parte da superfície está a ficar submersa. No dia 27 de Maio técnicos da APA visitaram o mouchão e confirmaram um rombo num dos diques de protecção, numa extensão de 15 metros, tendo tendência a aumentar devido ao ciclo das marés.
A ilha, com 1200 hectares, tem actualmente boa parte das estruturas existentes em degradação e em 2009 chegou a existir um projecto de turismo ecológico para o local, mas nada disso avançou por causa de um conjunto de burocracias da parte do Estado.