Nuno Paim diz que sempre teve o desejo de ser tractorista. Não conseguiu concretizá-lo mas tem uma empresa que comercializa máquinas agrícolas. Vai a feiras internacionais e também vai à feira da agricultura em Santarém embora diga que a altura em que a mesma se realiza não é a ideal para se fazerem negócios. Tirou um curso de contabilidade numa escola profissional mas não fez a licenciatura em gestão porque não conseguiu conciliar o trabalho por conta própria com os estudos.

Tentei fazer uma licenciatura em gestão de empresas depois de começar a trabalhar por conta própria e não consegui. Primeiro foi no ISLA e depois na Escola Superior de Gestão. Conciliar esta actividade com o estudo é difícil. Deixamos de ter cabeça para conseguir agarrar tudo ao mesmo tempo mas fiz um curso profissional de contabilidade na Escola Profissional de Salvaterra de Magos.
Conservo muitos amigos dos tempos de escola. Ainda hoje nos juntamos em jantares para relembrar os tempos de estudante. O facebook veio dar uma ajuda porque temos os contactos de e-mail ou telemóvel que se foram perdendo e aquela rede social veio ajudar a que nos encontrássemos. Nasci e cresci em Benavente e agora vivo em Benfica do Ribatejo por razões familiares.
Os meus pais têm uma loja de decoração e de flores em Benavente. Em miúdo cheguei a trabalhar lá nas férias mas nunca me imaginei a seguir aquela área de negócio. Sempre quis ser tractorista. Todos os miúdos querem ser bombeiros ou policias mas eu sempre quis ser tractorista porque os meus avós eram caseiros numa quinta onde se criava gado e eu ia para lá depois da escola e ajudava os meus avós e tinha um fascínio por tractores. Nunca cheguei a concretizar o meu sonho mas estou ligado ao negócio dos tractores.
As minhas filhas raramente brincam na rua porque têm tudo em casa. São os canais na televisão por cabo, os tablets, os telemóveis. No meu tempo era completamente diferente.
Comecei a trabalhar por conta própria com um negócio de venda de baterias e distribuição de óleos pelas oficinas aqui da região. Importava e distribuía. Entretanto o meu sogro ficou com uma representação de máquinas alemãs e como ele não se entendia muito bem com o inglês passou-me a representação. Tenho a Agridirect empresa de venda das máquinas agrícolas e o meu sogro tem a empresa Apolinários que presta assistência. As empresas completam-se.
O sector agrícola sempre deu rendimento mesmo durante a fase mais aguda da crise. Veio muita gente da construção para a agricultura. Acho que o turismo e a agricultura têm sido os motores da economia portuguesa. Portugal tem três grandes zonas de agricultura. O Douro, o Ribatejo e agora a zona de Beja no Alentejo.
Os meus dias nunca são iguais. Tento sempre vir à empresa de manhã, depois ando a visitar clientes, ou levar alguma peça ou outro tipo de material. Do que mais gosto é poder sair do escritório e contactar pessoas.
Hoje em dia as máquinas agrícolas têm muita electrónica mas alguma assistência que damos resume-se a ligar ou desligar um botão. Muitas vezes são problemas de má utilização. Um simples premir de um botão pode mudar a configuração toda de uma máquina.
Os tractores até têm ar condicionado. E têm sensores para tudo e para mais alguma coisa, sistema de georeferenciação, etc. É a evolução. Antigamente para se andar de bicicleta era só dar aos pedais mas hoje as bicicletas já têm mudanças, travões de disco e muitas outras comodidades.
Costumo estar na Feira da Agricultura em Santarém mas aquela não é a melhor altura do ano para se vender alguma coisa. Já está toda a gente a trabalhar e já todos adquiriram as máquinas necessárias. Não é uma boa feira para negociar. É uma feira para concertos de música e tasquinhas. Costumo ir a muitas feiras internacionais para estar a par das últimas novidades do mercado. Vou a Espanha, Itália e França mas a principal feira é na Alemanha.
Os tempos livres são passados junto da família. Os domingos normalmente são para almoços em família e durante o inverno não saímos muito. No verão não posso passar sem a praia. Nas férias não tenho horários para nada. Costumo ir para o Algarve porque prefiro água quentinha.