Valentina Pibiri, uma italiana de 45 anos a viver em Lisboa que tinha uma universidade à porta de casa, decidiu vir para Santarém tirar o curso de Artes Plásticas e Multimédia na Escola Superior de Educação de Santarém. Porquê? Porque quando casou com o seu marido português decidiu que iria retomar os estudos e achou que este era o curso certo, mesmo que fosse a 80 quilómetros de casa.
O MIRANTE encontrou-a na exposição “Reflexo”, patente ao público no Palácio do Landal no centro histórico de Santarém, onde se exibem trabalhos dos finalistas daquele curso de artes e que foi inaugurada no sábado, 27 de Janeiro. A italiana está satisfeita com aquilo que aprendeu no curso. “Foi um pouco complicado porque não fiz um percurso de desenho nem tinha muitas bases”, conta. Na mostra tem expostas duas obras. “São pinturas a óleo baseadas em fotografias que fui tirando durante as minhas viagens”, diz.
O professor de pintura e curador da exposição, Tiago Salgado, explica a O MIRANTE
que nunca se consegue ensinar pintura. “Eu não consigo passar quem eu sou para outra pessoa, só consigo passar os meus métodos e acho que consegui fazer isso”, explica. O professor conta que os alunos no final do curso já estavam muito mais seguros deles próprios e arriscaram muito mais. “No início houve uma guerra entre professor e alunos. Puxei um pouco por eles no início e eles lutavam contra mim porque pensavam que era demais. Hoje somos todos amigos”.

“Na arte não há empregos. há trabalhos”
Ana Luísa Bento é de Leiria. A estudante foi a única aluna que apresentou uma escultura, que representa a liberdade. Todos os outros trabalhos apresentados foram de pintura. “Basicamente é a minha visão de liberdade porque toda a gente procura a liberdade e acha que é algo de que necessita. Muitos acham que ser livre é não ter responsabilidade, não estar preso a nada, mas para mim a ideia de liberdade limita-nos um pouco. Daí a liberdade de estar presa numa gaiola. A liberdade não tem de ser aquilo que os outros pensam que é. Liberdade é o que cada um sente”, explica a O MIRANTE.
No futuro, Ana quer dedicar-se à ilustração e “desenhar livros para crianças”. Para já vai estagiar numa empresa que faz caracterização para filmes e trabalha com desenhos animados e banda desenhada.
João Gameiro é um aluno de Santarém quer ser pintor no futuro. Os dois trabalhos expostos são auto-retratos. Vai iniciar agora o estágio com um artista plástico também de Santarém, João André, e no futuro gostaria de continuar a pintar. “Não sei bem como vai ser o futuro. Tudo depende das oportunidades”.
Para o coordenador do curso, José Soares, “é giro ver o crescimento e a evolução deles e há um resultado”. O docente não sabe se aqueles alunos estão prontos para o mercado de trabalho mas confessa que ele próprio também não estava. “Mas estão prontos para tentar e arriscar”, diz. José Soares deixa a todos os alunos que agora terminaram o curso um desafio: “Têm de continuar a trabalhar. Não procurar um emprego mas sim procurarem trabalho porque na arte não há empregos há trabalhos”.