Os comportamentos dos animais são uma consequência dos nossos actos
Deborah Oliveira é enfermeira veterinária na Clínica Veterinária São Francisco de Assis, em Santarém. Oriunda de Cascais, mudou-se para o Ribatejo e não está nada arrependida. “A maneira como se lida aqui com os clientes é completamente diferente de Lisboa”, diz.
Deborah Oliveira, 29 anos, enfermeira na Clínica Veterinária São Francisco de Assis, em Santarém, vive na região há cerca de dois anos. A jovem enfermeira veio de Cascais e já se habituou ao estilo de vida mais calmo do campo. Nasceu em Düsseldorf, na Alemanha, e estudou em Inglaterra mas não gostou do curso e veio para Elvas licenciar-se em Enfermagem Veterinária. Trabalhou num hospital veterinário de grandes dimensões em Lisboa mas a felicidade encontrou-a a partir do momento em que iniciou a sua actividade na clínica em Santarém.
A família da mãe de Deborah Susan Runte Oliveira é de origem alemã, inglesa e belga. O pai é português. A mãe já morava em Portugal há cerca de três anos mas o avô nunca confiou totalmente no Serviço Nacional de Saúde português e por isso, uns dias antes de Débora nascer “meteu” a filha grávida no carro e partiram para Dusseldorf. “Só fui nascer à Alemanha e dez dias depois já estava em Portugal, em Cascais”, conta.
Débora tem dupla nacionalidade, alemã e portuguesa. Frequentou a escola alemã até aos seis anos de idade mas confessa que como não pratica desde essa altura já não fala muito bem o alemão. “Tenho mais amigos portugueses do que alemães”, conta. A enfermeira diz que gosta da rigidez alemã mas não gosta da austeridade. Depois da escola foi estudar para um colégio privado.
Sempre gostou de animais. “Queria entrar em veterinária mas as notas não permitiram e então fui estudar dois anos para Inglaterra em 2005 para fazer um curso de enfermagem veterinária que era equivalente a um bacharelato. Não gostei nada de lá estar e voltei em 2007”.
Em 2008 entrou na Escola Superior Agrária de Elvas na licenciatura de enfermagem veterinária. Depois de um estágio em Évora começou a trabalhar num hospital veterinário de referência e de grandes dimensões em Lisboa. “A minha área era enfermeira anestesista. O meu trabalho passava por fazer a preparação dos animais para as cirurgias”. Deborah diz que aprendeu imenso porque “quando se sai de uma licenciatura ainda não estamos muito bem preparados para a vida activa”, constata.
Veio viver para Santarém há cerca de dois anos com o marido, que é veterinário na Clínica São Francisco de Assis. Há cerca de três meses decidiram que o melhor era Deborah deixar o hospital em Lisboa e começar a trabalhar naquela clínica e ainda bem que o fez. “A maneira como se lida aqui com os clientes é completamente diferente de Lisboa. Aqui não são clientes mas sim velhos conhecidos. Assim que entram já sabemos quem são, que animal têm, o nome. É uma maneira mais próxima de trabalhar e essa é uma das vantagens de ter vindo para Santarém” conta a jovem enfermeira.
A área que mais interessa à enfermeira é o comportamento animal. “O treino, saber o porquê dos cães terem determinados problemas que só são problemas para nós, que os inserimos na nossa sociedade e queremos que eles se comportem de determinada maneira”, explica.
Deborah adora trabalhar nessa área mas avisa os donos dos animais. “Têm de compreender que as coisas levam tempo e que tem de haver dedicação. A resolução para esses problemas passa muito pelo seu empenho. Os comportamentos dos animais são sempre consequência dos nossos actos”. A enfermeira não acredita no bater para ensinar. “Bater num animal ou numa criança não tem nada de positivo. Acredito mais na recompensa”.
Nos tempos livres gosta de passear com os seus dois cães. “É uma boa forma de aliviar o stress e falo muito com eles”. Por vezes vem chateada e cansada de mais um dia de trabalho e “nesses passeios esquece-se tudo o resto”. Também aproveita para praticar desporto. “Comecei agora a jogar padel. Já tinha tido umas aulas de ténis mas nunca evoluí muito. O padel é bastante divertido e recomendo porque é muito dinâmico e tem a vantagem de qualquer pessoa, sem saber jogar, conseguir entrar no esquema facilmente”.