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Direcção da Poisada do Campino demite-se em peso
Joaquim Campino com o mestre Ernesto Manuel

Direcção da Poisada do Campino demite-se em peso

Joaquim Campino foi o único membro que não saiu e é ele quem agora comanda o destino da Escola de Toureio de Azambuja. Há esperança para alunos e mestre: quatro empresários querem patrocinar a escola, mas a antiga direcção deixou fugir o subsídio camarário para 2017.

“Enquanto eu estiver à frente da Poisada do Campino nem a Escola de Toureio nem o Grupo de Forcados Amadores de Azambuja vão acabar. A associação só faz sentido existir para apoiar estas duas secções”, disse a
O MIRANTE o actual presidente da direcção da colectividade, que agora lidera uma comissão administrativa até que sejam realizadas eleições (ver caixa).
A assembleia geral (AG) estava marcada para a passada sexta-feira, 27 de Janeiro. Das cerca de duas centenas de sócios da Poisada do Campino compareceram 50. Dias antes, os rumores de que a direcção se iria demitir andavam de boca em boca. Mas o mestre Ernesto Manuel, professor na Escola de Toureio de Azambuja e protagonista da “guerra” que levou à convocação da AG - acusou, nas páginas de O MIRANTE,
a direcção demissionária de nunca ter cumprido o que lhe prometera, como o pagamento de um ordenado, e revelou pagar do seu próprio bolso os seguros e as deslocações dos alunos da escola - também esteve presente na reunião de sócios e garante que os rumores da demissão não passaram de um boato. “Nunca houve intenção de se demitirem. Mas durante a assembleia geral e por causa das contas não estarem a bater certo, acabaram por apresentar todos a demissão, menos Joaquim Campino”, contou o mestre.

Pagar um ordenado ao professor é prioridade
Joaquim Campino estava presente em Dezembro de 2016 quando O MIRANTE foi fazer a primeira reportagem à Escola de Toureio de Azambuja. Era já na altura crítico em relação à conduta de Nuno Engrácio - presidente demissionário - em relação ao acordo que tinha sido estabelecido com Ernesto Manuel e que não estava a ser cumprido. Foi sempre uma das figuras da associação presentes em dias de treino para dar força a professor e alunos. “Eles [escola de toureio] merecem todo o apoio que pudermos dar”, disse em Dezembro e voltou a dizer agora. “Temos já quatro empresários interessados em patrocinar a escola”, revelou. O pagamento de um ordenado ao mestre Ernesto Manuel, que dá aulas há dois anos sem receber um cêntimo, é uma das prioridades.
Logo no domingo, dois dias depois de tomar posse, a comissão administrativa da escola chamou o mestre para lhe dar conta disso. “Disseram-me que havia empresários interessados em ajudar e que a autarquia também iria apoiar no arranjo da carrinha”, contou Ernesto Manuel a O MIRANTE.
“A autarquia disse-nos que podemos arranjar a carrinha - que avariou na última deslocação dos alunos - nas oficinas da câmara, mas teremos de ser nós a comprar as peças para substituir as que se estragaram”, sublinhou. E o dinheiro é cada vez menos.

Direcção demissionária estava cansada
Desde 2014 - ano em que Nuno Engrácio assumiu a presidência da direcção, os relatórios de contas não estão “como deveriam estar”, segundo o que foi dito na AG, contou o mestre Ernesto Manuel. Por causa disso, a Poisada do Campino perdeu um valor de 1400 euros - que a autarquia concedia à associação todos os anos. “Em Janeiro não nos foi concedido o subsídio porque a antiga direcção não entregou o relatório de contas”, confirmou Joaquim Campino.
Ao nosso jornal, Nuno Engrácio confirmou a perda do subsídio, mas negou que esteja em falta a entrega de relatórios de contas. “O que se passou foi que não tínhamos as declarações de presenças das duas secções na parte das deslocações como o regulamento da autarquia exige”. Porque não foram as declarações entregues como deveriam ter sido, Nuno Engrácio não soube explicar. A actual comissão administrativa aguarda que a antiga direcção entregue os documentos em falta, que “estarão na posse da tesoureira”, para decidir o que fazer - e com que verbas conta para o efeito.
A O MIRANTE, Nuno Engrácio explicou ainda as razões que o levaram e à restante direcção a apresentar a demissão: “Estávamos cansados e queríamos dar a oportunidade a outras pessoas de fazerem algo pela associação”, disse, frisando que “este é o momento para eu me defender das acusações que me foram feitas pelo mestre Ernesto Manuel”. Nuno Engrácio prometeu explicações para os próximos dias.

Eleições marcadas para Novembro

Com a demissão da quase totalidade da direcção e conselho fiscal da Poisada do Campino, e tal como ditam os estatutos da associação, Joaquim Campino (o único que não se demitiu) assumiu a presidência da direcção e os suplentes foram chamados a efectivos. São eles Albino Simões, José Pereira da Silva, Marco Guerra, Francisco Bota, Francisco Carvalho e Fernando Coração. Aguarda-se agora a criação de listas que irão concorrer às eleições que terão lugar em Novembro de 2017.

Aluno da Escola de Toureio de Azambuja convidado a tourear nos EUA

A Escola de Toureio de Azambuja é uma das secções da Poisada do Campino e nasceu em 1949, ganhando nova vida há dois anos com a entrada do antigo bandarilheiro Ernesto Manuel como professor. Tem alunos dos 3 aos 20 anos, entre eles a bisneta de Etelvino Laureano, um dos fundadores da escola. Apesar de até hoje nunca ter recebido salário - em Dezembro chegou a treinar os alunos ao relento (depois de Nuno Engrácio lhe ter pedido para entregar as chaves da escola) - o mestre Ernesto Manuel continua a dar aulas todas as segundas e quartas-feiras à noite e aos domingos de manhã. Rui Jardim é um dos pupilos mais avançados e já arrecadou vários prémios. Foi convidado recentemente para tourear nos EUA.

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