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Depurador Serafim das Neves

Quem diz que os deputados só se interessam por assuntos da treta e de coisas lá de Lisboa, engana-se redondamente. Ainda a semana passada a deputada Idália Serrão, que para além de deputada e secretária da Mesa da Assembleia da República, desceu do seu pedestal para ir à Câmara de Santarém queixar-se, como uma simples munícipe, do cheirete que paira na freguesia de Almoster, onde mora, proveniente de uma suinicultura localizada perto da sua vivendinha.
São de louvar estes protestos populares protagonizados pelo genuíno povo eleitor. E a louvação é maior quando, como neste caso, o povo eleitor denominado Idália Serrão, valoriza o poder autárquico, mesmo sendo deputada, por lhe reconhecer capacidades superiores à do Governo e da própria Assembleia da República.
Há um ano, a 22 de Janeiro de 2016, a deputada Idália Serrão fez uma pergunta ao Governo, através da Mesa da Assembleia que ela própria integra, sobre a situação das suiniculturas de Santarém, onde se inclui a suinicultura de Almoster que a incomoda.
O Ministério do Ambiente respondeu-lhe um mês e dois dias depois, dizendo que a competência em matéria de suiniculturas é do Ministério da Agricultura, que nenhuma suinicultura de Santarém tem sistema de tratamento da trampa produzida pelos animais mas apenas locais de armazenamento da dita cuja, o que, como se compreende gera o tal cheirete que tanto incomoda a pituitária da munícipe Idália. Acrescentou ainda que, em caso de despejos do material armazenado para cursos de água, entra logo em acção a Agência Portuguesa do Ambiente.
É por isso com muita emoção e regozijo que verifico que a ilustre mosteirense Idália Serrão, ao levar à Câmara de Santarém o cheirinho das suiniculturas da sua terra, confia mais naquele órgão autárquico presidido pelo social-democrata Ricardo Gonçalves, do que no Governo do seu PS...pelo menos no que respeita a assuntos que metem porcos onde, perdoa-me a expressão, é preciso arregaçar as mangas e meter a mão na bosta.
Serafim, o que me dizes daquela ideia de levar a oliveira centenária de Mouriscas, que é um ex-libris da terra, para Londres? Quando li aquilo pensei que era uma iniciativa para bater mais um recorde do Guiness, ou para mostrar aos ingleses que eles também podem plantar para lá oliveiras em vez de nos andarem a comprar azeite e azeitonas mas afinal parece que é por um motivo mais nobre. Segundo o promotor da coisa, a deslocação da vetusta oliveira é para prestar homenagem à aliança entre Inglaterra e Portugal.
A minha curiosidade nem é saber se a oliveira morre logo em Portugal quando a tentarem arrancar ou se morre em Inglaterra com aquele clima que tantos ingleses têm trazido para o Algarve. O que realmente me aguça a curiosidade é saber como é que a população das Mouriscas vão agradecer-lhe a coisa. Será que o cobrem de alcatrão e penas como se fazia quando a aliança entre os dois países nasceu, corria o ano de 1373? Será que lhe amaciam os lombos com cajados de pura madeira de oliva? Enfim, esse senhor Oliveira Rosa que teve a ideia, e que dizem ser vereador em Londres e membro do partido trabalhista, meteu-se mas é numa grande trabalheira!
Esta semana li uma entrevista com uma enfermeira veterinária em que ela diz que os comportamentos dos animais são uma consequência dos nossos actos e foi assim que descobri porque é que o ano passado levei uma dentada na barriga da perna esquerda de um cão cuja raça desconheço mas que tinha uns dentes bem afiados. Pensando bem no assunto eu nunca devia ter passado ao pé da boca dele, ainda por cima à hora em que ele, provavelmente, estava à espera do almoço. Fiquei com uma cicatriz, é verdade, mas pelo menos agora sei que a culpa foi minha. E nem me adianta ganir!
Saudações perdigueiras
Manuel Serra d’Aire

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