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A cidade desportiva da União de Santarém

Li na comunicação social algumas notícias sobre o projecto da cidade desportiva que a União Desportiva de Santarém quer construir no antigo campo da feira, em terrenos municipais que valem alguns milhões de euros e para onde já se projectaram diversas utilizações. Do que li e ouvi há algumas considerações que me parecem pertinentes.
Uma ideia que pode passar para a opinião pública é a de que a UDS tem sido o parente pobre do futebol no concelho de Santarém. Basta analisar o histórico das últimas três décadas para se perceber que não é bem assim. Se há clubes que têm sido apoiados pelo município (logo pelos contribuintes), a UDS é claramente um deles. É bom não esquecer que as instalações que utiliza são do município. O Campo Chã das Padeiras custou um milhão de euros à câmara em 2009. E foi também a autarquia que pagou o relvado e a sua renovação. Aliás, ainda todos os outros clubes do concelho jogavam em campos pelados e já a UDS tinha relvado à disposição. São factos.
Aliás, o jornal O MIRANTE ainda há umas semanas noticiou outro “negócio” que envolveu o município e a UDS. Em 1992 a autarquia deu dois terrenos (com mil e 4 mil metros quadrados) em direito de superfície à UDS, por um período de 50 anos, e o clube, por sua vez, cedeu-os a troco de 55 milhões de escudos (cerca de 275 mil euros) à Repsol para instalar dois postos de combustíveis na circular urbana D. Luís (só um foi construído). Já para não falar do bingo. Portanto, mais palavras para quê?
Outra ideia que se ouviu durante a apresentação pública do projecto da cidade desportiva é a de que a UDS é o clube mais representativo da cidade. Já foi! Desde há algum tempo que o futebol da UDS não ultrapassa as fronteiras do distrito e vai penando pela segunda divisão distrital, enquanto outro clube da cidade tem regularmente equipas nos nacionais de futebol jovem, como acontece este ano. Mas há mais: clubes que praticam outras modalidades desportivas, como ginástica, râguebi, basquetebol, hóquei em patins, andebol, natação, ténis ou futsal têm representado (e bem) a cidade em campeonatos nacionais de diversos escalões etários e em ambos os sexos, levando o nome de Santarém a todo o país. Não é preciso dizer os seus nomes pois todos sabem quem são.
A União de Santarém tem razão quando se queixa de não ter infraestruturas em condições para a prática do futebol, nomeadamente para os treinos dos escalões de formação. É uma realidade e há que encontrar soluções. Mas para colmatar essa lacuna avançar com um complexo desportivo naquela zona da cidade parece-me uma resposta desproporcionada.
José C. Reis

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