Eriçado Serafim das Neves
Gostei de ler as declarações do advogado contratado pela empresa que atafulha a aldeia de Valhelhas, no concelho de Torres Novas, com camiões. Diz ele a certa altura que se impedirem o estacionamento dos monstros no terreno da empresa, os mesmos vão passar a estacionar à beira daqueles caminhos a que por lá alguns insistem em classificar como estradas. E acrescenta, para não ficarem dúvidas que o fará “porque pode”.
Fico feliz por saber que o estilo, meio Trump, meio Putin, está a fazer escola. E logo em Valhelhas. Já ia sendo tempo de alguém se internacionalizar a este nível depois de tantas internacionalizações na área económica. É a falar grosso que a gente se entende e esta coisa do politicamente correcto, das águas mornas, do bom senso e coisa e tal, já me andava a cansar e além disso não dá alimento de jeito para estes e-mails do outro mundo.
Um advogado que fala assim em defesa dos seus clientes merece tudo e até uma casinha no meio da aldeia que, segundo dizem os donos dos camiões, tem um ambiente sossegado e vive tempos de prosperidade e desenvolvimento graças, não só aos motores bem afinados dos camiões como aos postos de trabalho criados.
Eu cá por mim também ficaria feliz se dois jovens cá do meu prédio que estão desempregados, arranjassem emprego numa empresa de transportes de longo curso e passassem aqui à porta todos os dias às cinco ou seis da matina só para mostrar como roncam os seus postos de trabalho.
Li este fim-de-semana que, ao contrário de Espanha, em Portugal não existe qualquer lei que permita acusar alguém por causa da doença do Legionário ou Legionella que matou 14 pessoas e deixou dezenas com problemas no concelho de Vila Franca de Xira.
Cá está mais um sector que precisava de uma política Trump/Putim/Advogado da empresa de Valhelhas. Esta coisa de andarmos a legislar às pinguinhas, como se a Assembleia da República tivesse prostatite, tem que acabar.
Legislar bactéria a bactéria e vírus a vírus não encaixa na minha maneira de ser. Se, como tudo indica, andam a legislar por ordem alfabética e ainda não chegaram ao “éle” de Legionella ao fim de quarenta anos e mais de um milhão e meio de decretos, diplomas ou lá o que é, a legislação sobre a Legionella só vai ser aprovada quando ela já não existir.
É no que dá a famosa especialização. Raios os partam. Se passarem o poder para o verdadeiro povo, o das redes sociais e caixas de comentários de jornais, vão ver como aparecem logo leis e sentenças e execuções....e vai ser de esguicho, como a caganeira que nos ataca quando comemos alguma coisa estragada.
Quem também anda mmmuuuiiitttooooo lentamente é o PS. Imagina que só agora é que o partido vai aprovar a cartilha dos candidatos autárquicos. Sei que para elaborar estes importantes catecismos é preciso reunir vasta experiência na matéria. E esta não se adquire de um momento para o outro. Mas também escusavam de exagerar. Uma cartilha de princípios, faz-se cartilhando e esta do PS já anda a ser cartilhada desde os tempos em que a televisão era a preto e branco e só havia um canal.
Elementos para enriquecer a cartilha autárquica socialista não faltam aqui pela região. O caso do presidente da Distrital do PS, o senhor deputado e advogado António Tony Gameiro, que foi condenado por ter ficado com o dinheiro de uma cliente e que a seguir a esse episódio foi reeleito para aquele órgão partidário, sem oposição, é um bom exemplo. E já teve umas réplicas lá para a terra dele.
O presidente da Câmara de Ourém arruinou-se e ficou com dívidas de milhares que não consegue pagar. O seu vice-presidente foi condenado por andar a recolher dinheiro para o seu clube e agora vai recorrer da sentença com o apoio do orçamento da câmara que lhe paga advogado à altura. Alguns dos seus vereadores estão acusados de terem criado um emprego fictício a um treinador de futsal para lhe pagarem o ordenado em vez do clube. Por ali cartilha-se à força toda e não vale a pena mostrar mais para não maçar e desperdiçar tempo porque nisto da política quanto pior, melhor!
Pelo sim, pelo não, ando no ginásio a ganhar massa muscular. É que se calha sair uma cartilha do tamanho das memórias completas do Cavaco Silva ou do Jorge Sampaio vai ser cá um tijolo....
Saudações digitalizadas
Manuel Serra d’Aire