Contas da Câmara de Abrantes com reparos da oposição
PSD criticou gestão da maioria socialista e voltou a falar em discriminação de algumas freguesias, votando contra o relatório e contas.
A bancada do Partido Social Democrata (PSD) na Assembleia Municipal de Abrantes votou contra o relatório de prestação de contas de 2016 do município, justificando que o documento “é o espelho da gestão política do executivo socialista na qual o PSD não se revê” nomeadamente na “falta de equidade” de distribuição dos recursos financeiros pelas freguesias rurais.
As contas da câmara municipal e dos Serviços Municipalizados de Abrantes foram aprovadas pela maioria socialista, com 3 votos contra do PSD e 9 abstenções (1 CDS-PP, 3 PSD, 4 CDU, 1 BE).
O eleito do PSD, Diogo Valentim, diz existirem “situações que devem ser clarificadas” e a primeira prende-se com “a dívida total das entidades participadas” pela autarquia. O social-democrata lembrou que a Câmara de Abrantes “tem o controlo da Tagusvalley com cerca de 94,92% e da A.Logos com 96,92%” querendo por isso saber “qual o seu peso na dívida do município”. De acordo com Diogo Valentim, trata-se de uma questão pertinente uma vez que em 2016 a câmara “injectou 690 mil euros” na Tagusvalley, motivo suficiente para que os membros da assembleia “acompanhem a evolução desta entidade”.
Por outro lado, “confirma-se a existência de um triângulo amoroso entre o município, os SMA e a A.Logos”, refere o deputado do PSD, indicando que as três principais entidades a solicitar serviços à empresa são os SMA com 255 mil euros, Águas do Ribatejo com 217 mil euros e município de Abrantes com 72 mil euros, afirmando que perante estes valores “é compreensível a sustentabilidade desta entidade, porque para além das unidades de participação que o município adquire, ainda sustenta a entidade através da contratação de serviços por parte do município e dos SMA”.
A segunda razão do voto contra a Prestação de Contas da bancada laranja prende-se com as transferências para as freguesias. Diogo Valentim considera que “o ano 2016 é o reflexo da injustiça, da discriminação, da falta de equidade e do desprezo a que os sucessivos executivos socialistas têm votado determinadas freguesias, algumas que têm a mesma cor política e o número de eleitores mais considerável”.
A presidente da Câmara de Abrantes, Maria do Céu Albuquerque (PS), respondeu recordando que o A.Logos foi criado por “um conjunto de municípios para dar corpo a uma estratégia que sirva não só os próprios municípios mas também os privados”. Reconheceu que “é um facto que os Serviços Municipalizados se sentem na obrigação de contribuir positivamente e são o maior cliente porque também são aqueles que por via da necessidade de fazer mais análises para o cumprimento das legislação assim o obriga”.
A Coligação Democrática Unitária (CDU), pela voz de Luís Lourenço, apresentou um declaração de voto onde manifestou a sua divergência “a nível político”, nomeadamente pela “assunção de encargos por parte da autarquia que são da competência do Estado Central” nas áreas da saúde, educação e segurança social “comprometendo o investimento em áreas que são da sua responsabilidade” como limpezas de ruas ou construção de parques infantis.