Padre Vítor Melícias diz que Santarém é a cidade da esperança e solidariedade
O padre Vítor Melícias considera Santarém como “a cidade do Milagre” e “uma cidade que se orgulha do seu passado e de gente do presente, com os olhos voltados para um futuro sempre de esperança e solidariedade”. O padre falava em Santarém na sessão comemorativa do 770.º aniversário do Milagre Eucarístico e 20.º aniversário da elevação da Igreja do Milagre a Santuário, no dia 12 de Abril, no âmbito das Festas do Santíssimo Milagre.
“O Santíssimo Milagre, Comunhão e Presenças” foi o tema escolhido pelo Padre Vítor Melícias porque o Santíssimo Milagre é uma manifestação da fé na presença real (corpo e sangue do Senhor) mas, para estabelecer comunhão. O objectivo desta sessão é partilhar uma reflexão sobre o sentido actual e a projecção do futuro deste ex-libris identitário da história de Santarém.
Dos 150 milagres eucarísticos em todo o mundo, existem dois muito semelhantes a de Santarém. Um deles é em Bruges e outro em Bruxelas, na Bélgica. Em Bruxelas, o milagre apresenta-se nas grandes pinturas do milagre que se encontram na Catedral de São Miguel e Santa Gudula e, em Bruges, a procissão em honra do milagre que é realizada todos os anos, junta mais de cem mil pessoas e levam 3 mil figurantes. Um evento que, na opinião do Padre Melícias, se transformou“numa parada bíblica”. Santarém não precisa de esconder nada porque aqui a santa relíquia que se comemora não é qualquer coisa do passado mas sim com futuro”, adianta.
Recorde-se que até hoje só aconteceram dois milagres eucarísticos em Portugal. O primeiro aconteceu em 1247 em Santarém, na igreja de Santo Estêvão, hoje conhecida por igreja do Milagre, onde uma hóstia consagrada é tirada da boca por uma pobre mulher enganada por uma bruxa judia. Começa a deitar sangue, é levada para a igreja de Santo Estêvão, envolvida em cera natural, que mais tarde cristalizou e agora se encontra no trono da igreja do Milagre. O segundo em Balasar, freguesia do concelho da Póvoa do Varzim, onde Alexandrina Maria da Costa, a partir de 1942 e durante 13 anos, viveu apenas da hóstia consagrada que comunga, não comendo nem bebendo rigorosamente mais nada. Hoje Balasar, uma simples aldeia, é visitada por cerca de 345 mil pessoas por ano que se dirigem à igreja onde Alexandrina está sepultada e à casa onde viveu e morreu.