Par de danças de salão da AREPA à conquista de Itália
Depois de já terem sido campeões nacionais por duas vezes, Susana e Fábio preparam-se agora para se estrearem numa competição em Itália. É um campeonato a nível mundial e acontece na cidade de Rimini de 5 a 8 de Maio.
A cidade de Rimini, na costa leste de Itália, prepara-se para receber os melhores bailarinos de danças de salão do mundo já nos próximos dias 5 a 8 de Maio e entre eles vão estar Susana Vaz e Fábio Prior que representam a Associação Recreativa de Porto Alto (AREPA).
Os dois conheceram-se há seis anos numa aula de dança da AREPA. Foram postos juntos por Rui da Silva Cunha, professor de dança no Porto Alto (Benavente) há 17 anos, e não foi amor à primeira vista para nenhum deles.
“Tive assim um primeiro impacto não muito simpático com a Susana mas pensei: ‘Bem, pode não ser nada, às vezes criamos uma primeira impressão errada das pessoas, vamos lá ver no que dá’”, confessa Fábio. Susana concorda: “Ele já dançava e já tinha outras bases. Eu comecei na dança muito tarde e dançava sem par. Achei que ele ia para ali cheio de mania mas esperei para ver”.
E a situação depressa mudou. À medida que o tempo passou tornaram-se amigos “e agora somos praticamente inseparáveis”, afirma Susana com um sorriso cúmplice para Fábio que acrescenta: “Somos quase irmãos”.
Fora da AREPA, Susana, 25 anos, é educadora de infância em Samora Correia. É de Vila Franca de Xira mas mora na Castanheira do Ribatejo. A mãe nunca teve possibilidades de a deixar seguir a paixão pela dança, que tem desde pequena. “Quando ia a casamentos e baptizados só gostava da parte de dançar mas a minha mãe dizia-me que não tinha tempo, dinheiro nem disponibilidade para andar comigo nos campeonatos”. Por isso, só aos 18 anos, quando comprou uns sapatos de dança através da Internet e tirou a carta de condução decidiu começar a ter aulas.
Estudantes aplicados que sabem gerir o tempo
Há oito anos a escola da Castanheira do Ribatejo onde dançava fechou. O professor Rui, que também dava lá aulas, convenceu-a a ir para a AREPA e ela aceitou. Entretanto, tirou o mestrado em Educação Infantil, começou a trabalhar em Samora Correia e afirma que há tempo para tudo, para a escola, para a faculdade, para o trabalho. “Por vezes sim, tenho de deixar a minha família para trás para poder vir dançar mas quanto às minhas obrigações nunca falhei a nada. É uma questão de boa organização”.
Fábio também valoriza essa capacidade de saber gerir o tempo. Tem 19 anos e está neste momento numa pausa entre o 12º ano – que terminou com uma média de 18,4 – e o início da licenciatura. Está indeciso entre escolher design ou arquitectura, daí a pausa sabática, e o tempo permite-lhe dedicar-se mais à dança, que é o seu grande amor. É de Samora Correia e dança desde os oito anos na AREPA que já representou em diversas competições e espectáculos. Há oito anos fez uma pausa na dança para poder dedicar-se mais à escola mas Rui convenceu-o a voltar, apresentou-o a Susana e Fábio confessa sem hesitar que ela é a melhor parceira com quem já dançou.
Os dois são muito diferentes. Dentro das preferências nas danças, Susana escolhe a rumba e o paso-doble, “porque é um estilo característico daqui de Vila Franca de Xira” e Fábio gosta mais do samba e do jive: “É o chamado rock n’roll dos anos 70. É uma dança super mexida e é a mais divertida”.
A primeira vez no estrangeiro
O professor Rui da Silva Cunha, que sempre os acompanhou e vai agora com eles para Rimini para o World Open, está confiante no desempenho do par mas mantém os pés bem assentes na terra: “Eles foram campeões nacionais há três anos no escalão de Iniciados e têm vindo a subir. Agora vão para o escalão máximo da dança que é o Adults Open. Por querermos que eles ganhem uma experiência diferente, de não terem a pressão dos júris nacionais, que já os conhecem, e para se sentirem um bocadinho mais à-vontade, achámos bem fazermos uma competição internacional”.
Decidiram-se por Itália porque entre os vários destinos em que pensaram, era o que ficava mais em conta. E quando voltarem a Portugal poderão focar-se na competição nacional, também no Adults Open. “Mas em Itália vai ser a primeira competição internacional fora do país, num ambiente completamente diferente, num escalão muito difícil, e claro que a ansiedade e os nervos vão estar presentes mas temos estado a trabalhar para eles darem o seu melhor”.