Internacionalista Manuel Serra d’Aire
Como bem sabemos, desde há uns bons anos que os movimentos pseudo independentes podem concorrer às eleições autárquicas e, por vezes, obtendo até resultados interessantes apesar da disparidade de meios e requisitos para concorrer com os partidos políticos tradicionais. E chamo-lhes movimentos pseudo independentes porque, na maior parte das vezes, servem para dar guarida às ambições de dissidentes de partidos que a dada altura, pelas mais diversas razões, caem em desgraça entre os seus pares e decidem, numa atitude revanchista, disputar votos nas urnas com quem os escorraçou. É um traço comum aos portugueses, fundado na cobiça, na inveja e no ressabiamento, e pode-se encontrar também, por exemplo, no movimento associativo. A malta zanga-se com o presidente da direcção e vai de fundar outra colectividade para fazer mais ou menos a mesma coisa. É uma chatice isto do Poder não chegar para todos...
O que não me parece muito natural é que candidatos que nas eleições autárquicas vão concorrer por partidos tentem, à força de tanto martelar na mesma tecla, fazer passar a ideia de que protagonizam candidaturas independentes e que não têm nada a ver com as forças políticas que lhes dão guarida. E mais curiosa se torna essa atitude de distanciamento relativamente aos símbolos partidários quando se sabe que no boletim de voto vão estar precisamente o nome e o símbolo do partido e não o nome ou o rosto do candidato supostamente independente. Além disso, não percebo que interesse e gosto tem um partido em ter como seu candidato uma pessoa que tudo faz para camuflar essa relação e dissimular esse casamento por conveniência. Enfim, estão todos bem uns para os outros...
Portugal vai passar a ter mais dois santos com a canonização dos pastorinhos de Fátima Francisco e Jacinta, que assim passam a ser venerados nos altares do mundo inteiro. Como é óbvio, não caibo em mim de contente. Patriota como sou, exulto com o triunfo de qualquer português, seja qual for a façanha que tenha cometido e o ramo de actividade em que se destaque. Tanto admiro o Alves dos Reis, o Oliveira e Costa ou o Ricardo Salgado pelo seu jeito para os números, como o Cristiano Ronaldo pelos seus dotes futebolísticos, a Sara Sampaio pelos seus atributos anatómicos, a Erica Fontes pela sua generosidade ou os pastorinhos pela sua capacidade em produzir milagres.
Sim, porque só é canonizado quem faz milagres e no caso dos pastorinhos a sua canonização estava dependente do reconhecimento de um milagre, a cura de uma criança brasileira, em 2013. Regozijo-me com a graça do Vaticano em certificar esse fenómeno e espero sinceramente que os novos santos não fiquem por aí no que a acontecimentos miraculosos diz respeito. Por terras de Fátima e Ourém e por esse Ribatejo fora há muita coisa e muita gente a necessitar de intervenção sobrenatural. Eu, por exemplo, dava-me por feliz se o Sporting ganhasse o campeonato de futebol esta época. Mas temo que seja demasiado pedir um milagres desses, mesmo a quem já tem reconhecida experiência no ramo....
Saudações visionárias do
Serafim das Neves