Um treinador de futebol que gosta de paragens exóticas
Joaquim Valinho, um jovem treinador de futebol natural de Fátima, já trabalhou na Tanzânia, nas Maldivas e agora está na Finlândia a viver a sua primeira experiência como técnico principal. Espírito aberto e tolerância pelos vários costumes facilitaram a adaptação.
Joaquim Valinho tem 28 anos e é natural de Fátima, concelho de Ourém. No passado mês de Novembro assumiu o cargo de treinador principal do Peimari United, uma equipa da terceira divisão da Finlândia, naquela que é a sua terceira época desportiva fora de Portugal.
Depois de experiências no Ouriense, CD Fátima e Tourizense, o jovem treinador viu-se obrigado a deixar Portugal em busca de melhores condições de vida para seguir a profissão de sonho. “Tive que sair do meu país para fazer o que me apaixona, porque cá é difícil encontrar oportunidades vantajosas em termos monetários e pessoais”, explicou a O MIRANTE.
Mais do que uma opção, sair de Portugal foi um recurso e Joaquim limitou-se a aproveitar todas as oportunidades que apareceram. O facto de não ter mulher e filhos facilitou a tomada de decisão e por isso não teve dúvidas em fazer as malas e partir à aventura. A distância da família e dos amigos ainda é a maior dificuldade com que lida no estrangeiro, apesar da ajuda das novas tecnologias. “Falo com eles todos os dias, mas não deixo de sentir falta de um ombro amigo, de chegar a casa e ter lá a família”, desabafa.
A vida de emigrante nem sempre é fácil e Joaquim teve alguns momentos mais complicados, em que chegou mesmo a pensar em desistir e regressar. Mas o facto de permanecer apenas uma temporada desportiva em cada país ajuda a superar as saudades, já que regressa sempre a Portugal no final da época.
Os destinos mais exóticos apareceram por acaso, e sempre por intermédio de convites de outros portugueses. O primeiro chegou de África, em 2016, para ocupar o lugar de treinador-adjunto do African Lyons da Tânzania, treinado por Bernardo Tavares. Na época seguinte rumou ao New Radiant Sports Club das Maldivas, onde foi vice-campeão daquele arquipélago asiático situado no oceano Pacífico. O Peimari, na Finlândia, é a primeira experiência como treinador principal no estrangeiro.
Por todos os locais por onde passou Joaquim Valinho encontrou sempre comunidades de portugueses que facilitaram a integração. O espírito aberto e tolerância pelos vários costumes também o ajudaram a inserir-se nos vários contextos culturais por onde passou. Com uma grande capacidade de adaptação, conviveu com uma sociedade profundamente muçulmana, nas Maldivas, onde tinha que parar os treinos para os jogadores realizarem as orações, passando para um contexto mais impessoal e frio na Finlândia, próprio dos países nórdicos, onde tem apenas cinco horas de sol durante o Inverno.
A situação mais caricata enquanto emigrante aconteceu logo no primeiro ano, quando assistiu a um ataque inesperado de insectos durante um jogo de futebol na Tânzania. “Vi os árbitros a deitarem-se no chão e levantei-me para ir ver o que se passava. De repente, o treinador de guarda-redes, deita-me no chão e vejo uma núvem de insectos a passar pelo campo. Era algo normal para eles, já que segundos depois estava o jogo a decorrer outra vez”, contou.
O balanço no estrangeiro é positivo, mas Joaquim Valinho não hesita quando questionado sobre o futuro: o objectivo final é regressar aquele que considera como “o melhor país para viver”, Portugal.