Nova Vila Franca não saiu do papel e câmara admite rever projecto
Entre avanços e recuos a urbanização nunca avançou e agora o município está disponível para rever o loteamento que previa a construção de duas mil habitações à beira rio.
Os terrenos da chamada “Nova Vila Franca”, pertencentes há vários anos a um fundo imobiliário, estão ao abandono e sem perspectivas de virem a ser urbanizados pelo que a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira admite agora rever o loteamento.
Em causa está um loteamento aprovado em Novembro de 2007 para um conjunto de prédios designados por Lezíria do Chinelo, Lezíria das Cortes e Cascata, situados na zona norte da cidade, entre a linha de comboio e o rio Tejo. O projecto previa a construção de dois mil apartamentos.
Foi sempre um loteamento polémico: para uns um crime contra o ambiente e para outros um segundo Parque das Nações. Depois de muitos avanços e recuos e da insolvência da entidade promotora original, a Obriverca, o espaço passou para as mãos de um fundo imobiliário que não tem concretizado na prática o que estava previsto em loteamento.
“Já temos falado várias vezes com o fundo e há-de haver um momento em que temos que ver o que é que se vai fazer com aquele terreno. Não poderá ficar indefinidamente na expectativa, até porque há um loteamento que está aprovado e a matéria da estação de tratamento de águas ali existente que tem de se ver como poderá ser resolvida”, afirma Alberto Mesquita (PS), presidente do município.
Segundo o autarca, estava previsto a sua cedência à câmara no âmbito do loteamento “mas como a urbanização não evoluiu a cedência nunca foi formalizada”, questão que o autarca espera resolver “ainda neste mandato”.
Desmatação precisa-se
Actualmente o espaço é um matagal e as poucas casas que ali existem estão cercadas por mato e canaviais, o que prejudica a qualidade de vida dos moradores, que se têm queixado por várias vezes do problema. O tema foi levantado pelo vereador Mário Calado (CDU) na última reunião pública de câmara, onde lamentou a falta de respostas por parte do fundo e exigiu que o espaço seja limpo. No limite, defendeu, deverá ser a câmara a desmatar e depois imputar os custos ao fundo imobiliário.
“Já fizemos várias iniciativas junto do fundo para que actue naquela área mas até agora sem êxito”, disse Alberto Mesquita, reconhecendo ao mesmo tempo que o espaço precisa de ser melhorado.
O projecto em números
A área total de intervenção prevista para aquele loteamento, recorde-se, era de 569.852 metros quadrados. O projecto previa a constituição de 120 lotes destinados a habitação colectiva e actividades económicas, com uma volumetria correspondente a cinco pisos mais semi-cave. Definia, ainda, a cedência ao município de 229.054 metros quadrados para um “Parque Urbano de Vila Franca de Xira” e duas outras áreas de 3.500 metros quadrados cada para equipamentos ou serviços, na altura, destinados a um Campus de Justiça, que também nunca avançou.