Pombos envenenados em Vila Franca de Xira para combater praga
Nas últimas semanas alguém espalhou trigo roxo pelas ruas e conseguiu com isso matar dezenas de aves. O caso está entregue às autoridades.
Várias dezenas de pombos apareceram mortos nas ruas de Vila Franca de Xira nas últimas semanas e suspeita-se de envenenamento por trigo roxo, produto também usado para matar roedores.
Quem espalhou o veneno fê-lo misturando o trigo roxo com outros tipos de trigo e ainda não foi identificado mas vários moradores já fizeram queixa nas autoridades policiais e o Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da Guarda Nacional Republicana está no terreno a investigar.
O caso foi denunciado por Maria Manuela, moradora na cidade, que foi à reunião de câmara criticar os “problemas de higiene pública e insegurança” na cidade. “Era arrepiante ver os pombos a morrerem na via pública. Encontrei na Rua Cândido dos Reis trigo roxo. Contactei os serviços veterinários da câmara e fiz participação na GNR. Acabei por ser eu a tirar quase 200 gramas de trigo roxo e apresentei-as na polícia”, notou a moradora.
O problema dos pombos divide opiniões e dificilmente gera consensos, havendo na cidade quem concorde com estas soluções mais radicais de controlo da praga. Até porque, na mesma reunião, Joana Rocha, moradora na Rua Cândido dos Reis, queixou-se de um pombal abandonado no topo de um edifício que lhe causa problemas de pó e sujidade nas varandas e roupa - “já para não falar dos riscos de problemas respiratórios”, lamentou.
A proprietária do pombal já foi formalmente notificada pela câmara para resolver o problema e a fiscalização municipal irá agora acompanhar o assunto até que este se resolva.
“Sobre os pombos há diversas posições mas o que nos compete é tentar minimizar o problema. Estamos perante uma situação complicada, que passa pelo equilíbrio entre o bem-estar da população e o amor aos animais, do qual comungo. Mas esse equilíbrio não é simples”, diz o presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, Alberto Mesquita.
Alimento fácil e abrigos facilitam proliferação
O autarca refere que os pombos vêm ao alimento fácil que é dado por algumas pessoas em Vila Franca de Xira, Alverca e Castanheira, que é onde o problema tem mais incidência. “Explicar às pessoas que não devem alimentar os pombos não é fácil”, diz Alberto Mesquita, acrescentando que é preciso continuar a tentar encontrar soluções. “Tentámos capturar os pombos e reenviá-los para o seu habitat natural mas não resultou. Era tecnicamente complicado e eles acabavam por voltar. Além disso chamaram-nos todos os nomes e mais alguns por capturarmos os pombos”, afirmou.
Fátima Antunes, vereadora com o pelouro do serviço médico veterinário municipal, explica que a luta tem sido na sensibilização dos moradores para não alimentarem os animais. “Há montes de milho por ali, no largo da estação a mesma coisa, os pombos já têm a hora de comer quase gravada no seu horário biológico. Tendo alimentação fácil e edificios devolutos onde se podem abrigar e fazer ninho têm condições ideais para proliferarem”, explica.