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O outro Tejo

Será que o Tejo necessita mesmo de um Observatório? Para o sabermos, provavelmente este teria sido um dos temas a necessitar de tempo para ser devidamente apresentado, defendido e discutido.

O excelente edifício da Casa das Artes e Cultura do Tejo, em Vila Velha de Rodão, recebeu o II Seminário Transfronteiriço – Desenvolvimento das Comunidades Ribeirinhas do Rio Tejo. A iniciativa coube à Confraria Ibérica do Tejo (CIT) que, em junho de 2017, promoveu o I Seminário em Cáceres; a este propósito dediquei esta mesma coluna. No que respeita a Vila Velha de Rodão vou fazer o mesmo, é o meu contributo para a nobre causa do Tejo, mas sou sincero, não sei por onde nem como começar. O meu sentimento é profundamente contraditório. Por um lado, a “paixão do Tejo” está ali como em nenhum outro lugar/evento. Isto é muito bom, agradece-se e enaltece-se. Por outro, a “peça” que nos apresentam parece algo autista e a ignorar o mundo à volta. Em fevereiro vai haver (?) o III Congresso do Tejo e em março o 14º Congresso da Água; em Vila Velha de Rodão tudo se passou como se o resto não existisse. Como se nada tivesse a ver com isto, julgo que a Agência Portuguesa do Ambiente não esteve no Seminário e além de alguns dos muito bons autarcas que o Tejo tem, a começar pelo da casa (Luís Pereira), não vi muito mais do que os animadores habituais. Agora sim, é que vai ser, depois do II Seminário e das ideias-chave apresentadas, inovadoras, “tipo bicicleta de madeira”, é que o Tejo vai ficar bem e bom… Não se questiona e admira-se o esforço de reunir fichas de 41 intenções de projetos de âmbito ambiental, cultural e estrutural. Boas intenções, não ponho em causa; se fossem 39 seria pior, 42 seria melhor. Mas foi pouco mais que isto. Iniciativas locais de limpeza de linhas de água sempre houve e haverá, preocupa-me que apenas se tenham listadas cinco. Em toda a bacia do Tejo é muitíssimo pouco. Será que o Tejo necessita mesmo de um Observatório? Para o sabermos, provavelmente este teria sido um dos temas a necessitar de tempo para ser devidamente apresentado, defendido e discutido. O que sobretudo importa é o “dia seguinte”, todos os outros dias para além do dia dos Seminários. Na verdade, talvez seja necessária mais alguma coisa que a carolice que sobeja para os lados da CIT. Não assisti ao final do dia onde o programa anunciava a “análise e decisão sobre o modelo organizacional” que “permita desenvolver todas as ideias de projeto apresentadas”; talvez aqui tivesse ficado com a resposta a muitas das questões que vieram comigo.
Carlos A Cupeto
Universidade de Évora

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