Ambientalista sem medo diz que processo em tribunal dá-lhe mais força para defender o Tejo
Arlindo Marques continua a denunciar poluição apesar de pedido de indemnização de 250 mil euros
A defesa do ambientalista Arlindo Consolado Marques alvo de um processo em tribunal movido pela celulose Celtejo, que pede uma indemnização de 250 mil euros, vai custar cerca de vinte mil euros. Para custear as despesas judiciais do ambientalista natural de Mação, que continua a denunciar os casos de poluição no Tejo, o movimento ProTejo vai lançar uma campanha de angariação de fundos, através do sistema de financiamento numa plataforma na internet, denominado Crowdfunding. Arlindo confessa a O MIRANTE que quando foi notificado do processo movido pela empresa ficou com medo, a tensão arterial disparou para 20/12, mas garante que agora ainda se sente com mais força para defender o Tejo.
O ambientalista, residente no Entroncamento, não parou de publicar vídeos a mostrar descargas poluentes em várias zonas do Médio Tejo, sobretudo em Abrantes, e ainda na segunda-feira transmitiu em directo na sua página no Facebook mais uma mancha de poluição no rio. “Tive medo mas com o apoio que tive e continuo a ter não desmoralizei. Prometi a mim mesmo que não vou parar enquanto existirem focos de poluição”, diz a O MIRANTE Arlindo Consolado Marques, salientando que não tem medo de “gigantes” e “poderosos” como a empresa de Vila Velha de Ródão que apontou muitas vezes como sendo a causadora dos males no Tejo.
A única coisa que mudou na actuação do ambientalista foi ter deixado de mencionar o nome da Celtejo para não prejudicar a sua defesa em tribunal. Arlindo diz que já reuniu várias provas e documentação para contestar a acção da empresa e realça que tem recebido apoio de muitas pessoas que querem contribuir com dinheiro para o ajudar a pagar as despesas. Relata que até um emigrante na Suíça já o contactou a disponibilizar-se para dar um donativo. O rosto mais mediático das denúncias de poluição no Tejo garante que o dinheiro que sobrar das despesas judiciais vai ser aplicado em acções de repovoamento de peixes no rio.
Recorde-se, como O MIRANTE já noticiou, que a produtora de pasta de papel, alega cumprir as normas ambientais e que o réu tem causado prejuízos à imagem da empresa, com “afirmações que atentam contra o bom nome, a credibilidade e o prestígio”, da Celtejo. Situação que, refere, têm como objectivo gerar na opinião pública “a ideia” de que a fábrica é responsável pela “alegada poluição no rio Tejo, garantindo que orienta a sua actividade por critérios de sustentabilidade e preservação ambiental. A celulose junta 36 documentos, entre os quais notícias de O MIRANTE e de outros órgãos de comunicação social, e um CD com imagens recolhidas e difundidas por Arlindo Marques.
A Celtejo sustenta que as denúncias de poluição que lhe são imputadas são falsas e desafia “todos aqueles que têm vindo a caluniar a empresa a demonstrarem com rigor científico as análises nas quais consubstanciam essas mesmas calúnias”. E realça que emprega 193 pessoas e que em 2016 teve um volume de negócios de 111 milhões de euros, a empresa sustenta ainda que a actuação do ambientalista tem causado “alarme político e alarido social”.