Jogo do empurra adia soluções para passagem de nível perigosa em VFX
A única passagem de nível ainda em funcionamento no concelho de Vila Franca de Xira mata em média uma pessoa por ano e prega sustos todos os dias a peões e condutores. Projectos para suprimir essa travessia nunca saíram do papel.
Não há solução à vista para a passagem de nível perigosa que dá acesso ao cais de Vila Franca de Xira e que já foi responsável por uma dezena de mortes na última década. Uma média de uma morte por ano. No dia 14 de Janeiro, um alfa-pendular colheu naquele local um ex-autarca da cidade, Carlos Romano, e a situação levantou uma onda de queixas com vários moradores a reclamarem soluções rápidas. Consideram que já passou tempo demais sem que o problema se resolva.
A culpa é de um jogo do empurra que dura há década e meia entre a Câmara de Vila Franca de Xira e a antiga REFER, hoje Infraestruturas de Portugal (IP). A câmara já aprovou há anos um projecto para uma passagem superior rodoviária para o local mas esta só sai do papel se o projecto Jardins do Arroz for concretizado, o que está longe de acontecer. Sem essa obra em curso a Infraestruturas de Portugal tem, alegadamente, recusado avançar sozinha com a obra da passagem superior.
“A passagem de nível está integrada no Plano de Supressão e Reclassificação de Passagens de Nível da IP e a câmara permanece disponível, como já esteve no passado, para analisar e equacionar com aquela entidade os projectos que se verifique serem possíveis de concretizar, visando a criação de uma passagem rodoviária que permita suprimir em definitivo aquela passagem de nível”, explica o município a O MIRANTE.
Lamentando “profundamente” o acidente mortal ocorrido na última semana, o município acrescenta que a passagem de nível está “devidamente sinalizada” e cumpre todas as normas de segurança, reforçando a “absoluta necessidade” dos moradores “respeitarem a sinalização sonora, visual, física e textual” existente na passagem de nível.
Questionada por O MIRANTE a Infraestruturas de Portugal não enviou qualquer resposta sobre o assunto.
Apesar de existirem duas alternativas pedonais seguras a esta passagem de nível – uma na estação de comboios e outra directamente ligada à biblioteca – a verdade é que muitos moradores a usam pela proximidade e comodidade do cruzamento. E é a única que permite a passagem de automóveis. O facto da nova biblioteca da cidade ter sido construída junto ao rio veio aumentar ainda mais o fluxo de peões e automóveis a cruzar aquela linha de comboio, que tem um elevado fluxo de comboios regionais, suburbanos, intercidades e alfa-pendulares.
A passagem de nível tinha uma guarda ao serviço, responsável por subir e baixar as cancelas e impedir os moradores de passar. Mas, como escreveu O MIRANTE na altura, foi retirada a 11 de Dezembro de 2005 e substituída por cancelas automáticas.