Autarcas não querem ver ETAR como “bodes expiatórios” da poluição no Tejo
Presidentes dos municípios de Abrantes e Mação foram ouvidos na comissão parlamentar de Ambiente e Ordenamento do Território.
Autarcas de concelhos banhados pelo Tejo pediram no Parlamento para que não se façam das estações de tratamento de águas residuais (ETAR) “bodes expiatórios” dos casos de poluição que têm assolado o rio e querem que se encontrem as causas efectivas da poluição.
Os presidentes das Câmaras Municipais de Abrantes, Mação e Vila Velha de Ródão foram ouvidos no dia 14 de Fevereiro na comissão parlamentar de Ambiente e Ordenamento do Território sobre a poluição no rio Tejo, a pedido do PSD e BE.
Na audição, os autarcas pediram para que se identifiquem as causas efectivas da poluição do Tejo, lembrando que já vinham alertando para a situação desde 2015. Além disso, enfatizaram que as estações de tratamento de esgotos municipais e de empresas do sector da celulose estão a funcionar dentro dos parâmetros.
Para a presidente da Câmara de Abrantes, Maria do Céu Albuquerque (PS), “houve claramente uma tentativa para encontrar um bode expiatório”, numa referência a uma ETAR do seu concelho cujo funcionamento “não cumpre o rácio de incumprimento”. “O trabalho está feito”, frisou a autarca, assinalando que estações de tratamento de esgotos do concelho funcionam adequadamente.
O presidente da Câmara de Mação, Vasco Estrela (PSD), alertou para o agravamento da poluição no Tejo desde 2015, com “pouco ou nada” a ser alterado “em relação aos problemas do rio”. Ao autarca “custa-lhe crer” que se continue a não saber “quem são os agentes” poluidores do Tejo ao fim de três anos.
Vasco Estrela disse que é necessário “chegar a um consenso e a uma solução”, questionando, num primeiro momento da sua intervenção, a responsabilidade da empresa Celtejo, em Vila Velha de Ródão, pela poluição do rio, mas vincando que a estação de tratamento de esgotos de Mação “não é fonte de poluição”.
Posteriormente, o autarca admitiu, citando o Ministério do Ambiente, que se a responsabilidade do foco de poluição de Janeiro, que mereceu um inquérito do Ministério Público, é da Celtejo, tem de se perceber o que funcionou mal. Vasco Estrela pediu “um esclarecimento” da situação, sob pena de se “colocar pessoas contra pessoas, autarquias contra autarquias, empresas contra empresas”.
O presidente da Câmara de Vila Velha de Ródão, Luís Miguel Pereira, sustentou que o concelho está a ser “prejudicado pela poluição do Tejo e pela suspeita que recai sobre as empresas”, “de grande dimensão” e sujeitas a um “acompanhamento muito rigoroso das entidades”, nomeadamente do ambiente.
Luís Miguel Pereira enunciou que os resultados das monitorizações da água do Tejo feitas, em 2017, pela Agência Portuguesa do Ambiente e pela Inspecção-Geral do Ambiente e Ordenamento do Território dissociam a poluição do rio da actividade da Celtejo, cujo investimento numa nova estação de tratamento de esgotos “está feito”.