“A sesta agora é um luxo”
Festa da Sesta decorreu no domingo, 8 de Abril, no Olival, concelho de Ourém e O MIRANTE foi saber junto de alguns participantes o que pensam do antigo hábito de se dormitar um pouco depois do almoço.
Trabalhar de sol a sol, almoçar o ‘caldo’ e fazer uma sesta de duas horas foram actividades que fizeram parte da vida rotineira de muitos ribatejanos. Entretanto, os tempos mudaram muito e os hábitos e as vontades também. “A sesta agora é um luxo. Só alguns é que a podem fazer”, diz Tânia Antunes, 37 anos, uma das participantes em mais uma edição da Festa da Sesta que decorreu no domingo, 8 de Abril, no Olival, concelho de Ourém.
Uma iniciativa organizada pelo Rancho Folclórico Os Moleiros da Ribeira que pretende relembrar uma tradição que remonta ao tempo em que eram concedidas aos trabalhadores do campo duas horas ao almoço, entre o domingo de Pascoela e Setembro, para descanso. Para Tânia Antunes, nos tempos que correm é quase impossível ter-se tempo para se fazer uma sesta. É que, diz, mesmo aos fins-de-semana há sempre tarefas para se fazer e ainda por cima com filhos torna-se difícil cochilar depois de almoço. No entanto acredita que, se o Governo estabelecesse uma pausa para a sesta na época do Verão, a produtividade dos trabalhadores ia aumentar. “Bastava meia hora e já se notaria a diferença”, considera.
Também Isaura Vieira admite que seria vantajoso, sobretudo para quem trabalha na rua, ter direito a uma pausa para a sesta depois de almoço no Verão. Até porque, diz, “é uma altura em que está muito calor e é complicada para se trabalhar”. Para a administrativa, a sesta é bastante importante tanto para os mais novos como para os mais velhos, já que ajuda a recuperar o corpo e a mente e melhora o bom humor. “Era interessante que o Governo reflectisse sobre esse tema. Tenho a certeza que ia trazer mais-valias”, afirma.
E se há quem defenda que o direito à sesta devia ser concedido aos trabalhadores que executam actividades na rua, há quem diga que a pausa para cochilar devia ser destinada só para quem está a trabalhar no campo. É o caso de Emília Moledo. Para a reformada de 76 anos, o trabalho diário no campo é de 12 ou 13 horas e faz sentido a pausa para a sesta. Agora, acredita, para quem trabalha oito horas diárias já não se justifica. “Depois têm de sair mais tarde do trabalho”, refere.