Esclarecido Manuel Serra d’Aire
A associação de vítimas de legionella de Vila Franca de Xira está desgostosa porque o Presidente da República ainda não lhes fez uma visita nem lhes transmitiu um sinal de afecto, como tem feito a rodos por tudo o que é vítima de infortúnios e desgraças neste país. E tem toda a razão. Esta situação vem reforçar a minha tese de que Marcelo Rebelo de Sousa tem uma pedra no sapato relativamente ao Ribatejo e aos ribatejanos, pois também a poluição no Tejo ficou de fora do roteiro de beijinhos e abraços presidenciais quando tinha honras de abertura de noticiários televisivos.
Não sei se por causa das touradas, se por causa do mergulho no Tejo de há uns anos, se por não gostar do colorido das fardas dos campinos ou por ter que pagar portagem em Alverca sempre que vem de Norte pela A1, a verdade é que o nosso Presidente tem discriminado esta região, devendo-nos já, pelas minhas contas, umas boas paletes de bacalhaus, abraços e beijocas. Eu, por exemplo, torci um pé no outro dia a fugir de um cão desaçaimado quando fazia uma corridinha, fiquei todo dorido que até parecia o Bruno de Carvalho com lombalgia, e nem um SMS recebi de Sua Excelência. Porra, não há direito! Ou há moral ou comem todos!
Concordo contigo acerca da postura das associações e partidos defensores dos animais relativamente a certos acontecimentos que mereciam uma atitude firme e condenatória da sua (deles) parte. Tu deste o exemplo das vacas de Penhascoso que dizimavam as hortas à população sem que nenhum elemento do PAN tenha tugido ou mugido sobre o assunto, como se a propriedade privada não merecesse o respeito de todos, até de quadrúpedes cornúpetos.
Agora soube que não muito longe dali, em Mouriscas, alguns cães de grande porte andam a dizimar impunemente rebanhos e criação em busca de carne fresca para satisfazer a larica. Mais uma vez o PAN nada diz sobre o assunto, talvez para manter uma postura equidistante relativamente às várias espécies envolvidas. Um comportamento calculista para não ferir susceptibilidades ao seu potencial eleitorado, que poderia ficar dividido entre ovelhas, galinhas e cães.
Para finalizar, um assunto que me tem tirado o sono nestas últimas semanas. Refiro-me à televisão católica privada Angelus TV, sediada em Fátima, que veio dizer que pode encerrar as emissões no próximo dia 15 de Abril, se não conseguir encontrar financiamento. O motivo prende-se com as dificuldades em captar publicidade, alegadamente por se tratar de um canal católico.
O mais estranho é que a própria Igreja Católica não parece muito disponível para abrir os cordões à bolsa para manter esse meio de comunicação. Segundo li numa notícia sobre o assunto, os responsáveis do projecto foram bater às portas das 4397 paróquias de Portugal, pedindo apoio e divulgação, tendo o mesmo acontecido junto das congregações religiosas, mas na maior parte dos casos levaram nega. O que evidencia que as paróquias do país estão tesas que nem um carapau e que o ditado “santos da casa não fazem milagres” continua actualíssimo.
Um abraço cheio de afecto do
Serafim das Neves