Acusados de homicídio de taxista do Entroncamento incriminam-se mutuamente
Suspeitos contaram versões contraditórias acerca de quem matou o motorista
Os dois homens acusados do homicídio de um taxista do Entroncamento e de sequestro e roubo qualificado incriminaram-se mutuamente nas declarações que prestaram em primeiro interrogatório judicial, reproduzidas na segunda-feira, 9 de Abril, na audiência do julgamento que decorre no Tribunal de Santarém.
A pedido do Ministério Público, o tribunal aceitou reproduzir as declarações prestadas pelos dois homens depois de terem sido detidos, a 4 de Maio de 2017, três dias após a morte do taxista que apareceu degolado num local ermo perto da localidade de Meia Via, no concelho de Torres Novas.
Nessas declarações, os dois, ambos com 56 anos, relataram como se encontraram dias antes de iniciarem a série de crimes ocorridos entre os dias 27 de Abril e 2 de Maio de 2017 em vários concelhos dessa zona do distrito de Santarém e que, além do sequestro, homicídio e profanação de cadáver do taxista, incluiu o sequestro, roubo e violação de uma mulher.
Um dos arguidos, A. L., que tinha saído da prisão a 18 de Abril, depois de cumprir uma pena de cerca de seis anos e oito meses, é ainda acusado de sequestro e tentativa de extorsão a uma advogada de Almeirim, cometido logo no dia a seguir à sua libertação.
Foi este arguido que relatou, no depoimento ouvido segunda-feira, que foi L.P. quem violou a mulher que ambos sequestraram na noite de 27 de Abril no parque de estacionamento do Hospital de Torres Novas e a quem obrigaram a fazer uma série de levantamentos em caixas Multibanco, antes de lhe darem três comprimidos que a deixaram a dormir, altura em que se terá consumado a violação.
Sem nunca referir esta circunstância, L. P. atribuiu a iniciativa dos vários crimes a A. L., relatando a forma como este matou o taxista, a ponto de o deixar “mal disposto”, e afirmando que, no dia anterior, A. L. lhe havia confidenciado que a vítima tinha sido testemunha contra si num processo judicial.
No seu depoimento, A. L. afirmou que foi L. P. quem matou o taxista, de uma forma “mais que cruel”, e que ficou a assistir, não encontrando “palavras para descrever aquilo”.
Depois de se terem encontrado em Tancos, os dois alugaram um quarto numa pensão em Torres Novas, onde acabaram por ser detidos, fazendo ainda parte da acusação a tentativa de sequestro a uma outra mulher no dia 29 de Abril no parque de estacionamento de um hipermercado de Torres Novas, que só não se consumou porque as portas do carro estavam trancadas.
O tribunal ouviu também o depoimento da viúva e do filho do taxista, que deduziram um pedido de indemnização civil, tendo agendado as alegações finais para o próximo dia 16 de Abril.