Mãe de criança ferida num acidente de autocarro em Benavente luta por apoios
André Marques, hoje com 14 anos, sofre de lesões no pâncreas. Jovem vive em França e o seu dia-a-dia é pautado por complicações que a mãe diz terem sido sequela do grave acidente que sofreu quando viajava num autocarro da Câmara de Benavente. Seguradora está disponível para voltar a analisar o caso.
A mãe de uma das crianças que, há nove anos, ficou ferida na zona abdominal na sequência de um acidente envolvendo um autocarro da Câmara de Benavente, onde viajava no regresso de uma visita de estudo, luta por apoios para ajudar a pagar os tratamentos de que o filho continua a necessitar.
André Marques, hoje com 14 anos e a viver em França com os pais, sofre de vários quistos no pâncreas que limitam a sua qualidade de vida e obrigam a diversos tratamentos, alguns bastante onerosos. A família acredita que os quistos são uma consequência directa do traumatismo violento que André sofreu no aparatoso acidente de autocarro (ver caixa) e por isso exigem que a seguradora e o município assumam responsabilidades pelo caso.
A Câmara de Benavente e a seguradora têm um entendimento contrário, ou seja, que não há um nexo de causalidade entre o acidente e o aparecimento dos quistos que afectam hoje a vida de André. Foi essa também a resposta que Carlos Coutinho, presidente do município, endereçou à família numa carta datada de 28 de Dezembro de 2017. O autarca não quer prestar esclarecimentos adicionais sobre o tema até porque deverá ir em breve a reunião de câmara uma tomada de posição do município sobre este assunto.
Rita Marques, mãe do menor, diz a
O MIRANTE que se trata de lutar por “justiça” e exige a responsabilidade pelo acidente, mostrando-se disponível para vir a Portugal com o filho para que sejam realizados novos exames a pedido da seguradora, se necessário.
Rita facultou ao jornal diversa documentação, incluindo uma declaração clínica da médica de família de André, à data do acidente, onde a mesma refere que o jovem era saudável e sem historial clínico que apontasse para complicações de saúde até ao acidente. Diz ter também em sua posse um parecer clínico de um médico francês atestando que os quistos foram provocados pelo acidente.
Seguradora disponível para analisar o caso
Contactada por O MIRANTE, a seguradora Fidelidade explica que assumiu “imediatamente as suas responsabilidades” após o acidente, ocorrido a 24 de Junho de 2009, tendo a companhia “feito o pagamento de todas as despesas decorrentes do mesmo e indemnizado o lesado, cumprindo escrupulosamente o contrato em vigor”.
Acrescenta a seguradora que, oito anos depois “da indemnização, após a mãe do sinistrado ter solicitado um novo pagamento por danos, foi feita uma nova análise ao relatório de perícia médica que revelou que a situação de saúde agora identificada é na verdade anterior e independente do traumatismo que o lesado foi vítima, e pelo qual foi devidamente indemnizado aquando do acidente”.
A Fidelidade explica que caso existam pareceres médicos que afirmem o nexo causal entre o acidente e a doença de que padece o jovem, pareceres cuja existência a companhia diz desconhecer “por só possuir informação sobre os tratamentos que, alegadamente, vêm sendo efectuados”, está disponível para voltar a analisar o caso e, se for caso disso, para procurar “uma avaliação independente por entidade exterior à Fidelidade, tanto desses pareceres como da informação clínica contemporânea do acidente que a qualifica como doença pré-existente”, assegura a empresa.
Acidente feriu oito crianças
No dia 24 de Junho, pouco antes das 15h30, uma colisão do autocarro da Câmara Municipal de Benavente com um camião na EN 118 (no sentido Alcochete - Porto Alto), junto à Ponte das Enguias, em Samora Correia, causou ferimentos em oito crianças de quatro e cinco anos e no motorista do autocarro, que foram transportados para o Hospital de Vila Franca de Xira.
À data O MIRANTE reportou que uma das crianças, André, foi transferida para o Hospital de Santa Maria com queixas na zona abdominal. As crianças pertenciam ao Jardim-de-Infância de Samora Correia e regressavam de uma visita de estudo. A causa do acidente terá sido uma travagem brusca de um ligeiro na frente do camião que teve de travar a fundo. O autocarro municipal seguia atrás e o seu condutor não conseguiu evitar o embate. Segundo a GNR, o condutor do ligeiro deixou o local e não foi identificado.