Jovens queixam-se aos autarcas e dizem que Vila Franca de Xira é uma cidade fantasma
Diagnóstico crítico foi feito durante uma sessão da Assembleia Municipal Jovem onde os mais novos puderam dizer de sua justiça para autarcas anotarem. A falta de espaços de diversão nocturna foi uma das pechas apontadas.
Alunos de onze escolas do concelho de Vila Franca de Xira mergulharam em questões que podem comprometer o seu futuro, se quiserem continuar a viver no seu concelho. Os problemas e entraves que encontram foram expostos em sessão de Assembleia Municipal Jovem, no dia 9 de Maio, na Escola Secundária de Alves Redol. Nessa sessão os jovens puderam ser deputados por um dia e apresentar as suas propostas e recomendações ao presidente da assembleia municipal, presidente da câmara e vereadores. O tema principal da ordem do dia era a “Igualdade de Género: Um debate para tod@s”, mas os estudantes mostraram querer ir mais além e debater sobre outros problemas existentes no concelho.
Alunos de uma das escolas presentes apelidou Vila Franca de Xira de “cidade fantasma”, afirmando que “está sem interesse e socialmente envelhecida”, fazendo com que a maior parte dos jovens partam para “Lisboa ou para o estrangeiro, por não haver razão para os manter cá”. A intervenção de uma jovem que descreve Vila Franca de Xira como um “dormitório sem qualidade de vida”, onde as escolas são o “único sinal de existência” foi outra das declarações mais aplaudidas pelos jovens, professores e encarregados de educação presentes.
À câmara municipal foi proposto que “se comprometa a desenvolver um conjunto de políticas contra a desvitalização e degradação da cidade”, que incluam, por exemplo, a “criação de uma praia fluvial”, de “espaços verdes” e “pavilhões desportivos”. A falta de espaços de diversão nocturna foi outra das queixas mais recorrentes. “Se nos queremos divertir temos de ir para Lisboa”, ouviu-se.
“Voluntariado social de apoio a idosos”
Os estudantes mostraram-se não só preocupados com o que directamente lhes diz respeito, como também com a população mais envelhecida. Neste sentido, “face ao isolamento e solidão dos idosos”, uma das escolas lançou o desafio à autarquia e a todos os presentes para “envolverem os jovens na participação cívica”, com “acções de voluntariado social de apoio aos idosos do concelho”. No mesmo acto, os jovens dispuseram-se a entregar uma lista de voluntariados, na esperança de ver esta medida colocada em prática pelo município.
O esforço valeu-lhes a atenção do executivo municipal, mas em alguns momentos mostraram desconhecer, por completo, situações e medidas já aplicadas pelo município. Como é o caso da construção de um polidesportivo no Bom Retiro e o projecto de qualificação da zona ribeirinha, que já estão em curso. Alberto Mesquita, presidente da câmara municipal, mostrou-se atento e sempre com uma palavra a dar aos jovens, relembrando que em edições anteriores já teve “em consideração muitas matérias que foram aqui abordadas”.
Futuros políticos na forja?
Beatriz Sabino, aluna da Escola Secundária Alves Redol, Tiago Rocha, aluno da Escola Professor Reynaldo dos Santos e João Mata, do Colégio José Álvaro Vidal foram, respectivamente, os secretários e presidente da Assembleia Municipal Jovem 2018. Terminada a sessão, disseram a O MIRANTE que as tarefas atribuídas nem sempre foram foi fáceis de gerir. Ainda assim, para o futuro não fecham as portas ao mundo da política. O conselho que deixam é que “todos tenham participação activa na política, pois os jovens de hoje vão ser os deputados e políticos de amanhã. E se não estiverem preparados, quem estará?”.